domingo, fevereiro 04, 2007

A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

 

Paccelli José Maracci Zahler é engenheiro agrônomo e ecólogo.
Página pessoal: www.geocities.com/paccelli

A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Por Paccelli José Maracci Zahler.

O estudo interdisciplinar parece ser a abordagem mais apropriada para a ciência da Ecologia por permitir uma melhor compreensão dos sistemas (concepção sistêmica) pela identificação e interpretação dos seus elementos, possibilitando uma “visão holística” e, conseqüentemente, a proposição de soluções para os problemas ambientais da atualidade, devendo ser estendida à prática pedagógica em Educação Ambiental.

Para CASCINO (1999), a interdisciplinaridade está carregada de subjetividade e comporta trabalhar com o fragmentário, o incerto, o incompleto, o ambíguo, tratando de produzir sobre a efetividade do desejo consubstanciado na prática.

Segundo DUVOISIN (2006), a Educação Ambiental surgiu como uma necessidade de mudança na forma de encarar o ser humano no mundo. Para que essa mudança ocorra, de acordo com “A Declaração do Meio Ambiente” elaborada durante a Conferência de Tbilisi, República da Geórgia, em 1977, há necessidade urgente de investigação de novos métodos e desenvolvimento de materiais educativos (UNESCO/PNUMA, 1980). Este é um dos desafios apontados por SATO (2007) ao criticar o conteúdo tecnicista da Educação que influi na reorientação da Educação Ambiental, cuja prática profissional se torna eminentemente técnica.

Os “Parâmetros Curriculares Nacionais” elaborados pelo MEC/SEF (1997) apontam, como um dos objetivos gerais do ensino fundamental, que os alunos sejam capazes de perceberem-se integrantes, dependentes e agentes transformadores do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente. Portanto, há necessidade de capacitação dos professores para exercerem seu papel de educadores ambientais.

O educador ambiental, além da preocupação com a preservação e a conservação dos recursos naturais, deve conhecer a dinâmica da natureza, as necessidades das comunidades, e ter habilidade para trabalhar em equipe, buscando a solução dos problemas de forma participativa (ZAHLER, 2007).

Segundo ZAKRZEVSKI e SATO (2006), para o exercício da Educação Ambiental na escola, o professor precisa construir um novo conhecimento profissional que seja prático, integrador, profissionalizado, complexo, tentativo, evolutivo e processual. Isso se concretiza, quando o professor busca conhecer a realidade das escolas, as estratégias utilizadas e a comunidade.

A partir daí é interessante formar grupos de trabalho, com professores de diferentes disciplinas, para a discussão dos problemas levantados e a escolha do material didático ou, até mesmo, sua elaboração dentro da realidade da região, o que não acontece com os livros didáticos disponíveis no mercado.

O próximo passo é o desenvolvimento de projetos com os alunos e a comunidade dentro de uma perspectiva interdisciplinar, priorizando a solução de problemas locais, o que vai ao encontro do preconizado nos “Parâmetros Curriculares Nacionais”(MEC/SEF, 1997).

CARVALHO (2006) vai além ao afirmar que a Educação Ambiental deve ser sensível às lutas sócio-ambientais e pautada pela conquista da cidadania, representando um espaço promissor na busca de uma sociedade justa e ambientalmente sustentável, pois a compreensão da problemática do meio ambiente como um fenômeno sócio-ambiental lança a questão ambiental na esfera política.

HERCULANO (2006) considera que a Educação Ambiental é parte essencial da educação para a cidadania, podendo vir a ser grande incentivadora do exercício pleno dos direitos do cidadão e da democracia participativa, na medida em que a temática ambiental tenha um apelo universalizante, não corporativo, de fácil entendimento e identificação, pois diz respeito à sobrevivência de todos e leva a amplos questionamentos, especialmente os modos da sociedade produzir, consumir e se organizar politicamente.

Consideramos, particularmente, que a prática pedagógica interdisciplinar em Educação Ambiental deve conduzir o educando ao entendimento da crise ambiental pela qual o planeta está passando, preparando-o para tomar a melhor decisão para amenizá-la ou solucioná-la, partindo do seu próprio exemplo, de sua própria casa, comunidade, município, Estado, País, tendo em mente o brocardo “agir localmente, pensar globalmente”. Dessa maneira, ele passará a atuar na esfera política, exercendo a sua cidadania.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. A questão ambiental e a emergência de um campo de ação político-pedagógica. In: SENAC. Textos complementares do Bloco temático IV. E-Book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
CASCINO, Fábio. Educação ambiental: princípios, história e formação de professores. São Paulo:Editora SENAC/SP, 1999.
DUVOISIN, Ivane Almeida. A necessidade de uma visão sistêmica para a educação ambiental: conflitos entre o velho e o novo paradigmas. In: SENAC. Textos complementares do Bloco temático IV. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
HERCULANO, Selene C. A consciência da solidariedade. In: SENAC. Textos complementares do Bloco temático IV. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
MEC/SEF. Parâmetros curriculares nacionais:ciências naturais. Brasília:MEC/SEF, 1997.
SATO, Michèle. Desafios e perspectivas da educação ambiental. In: SENAC. Textos complementares do Bloco temático IV. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
SENAC. Educar para sustentabilidade. Bloco temático IV. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
UNESCO/PNUMA. La educación ambiental: las grandes orientaciones de la Conferéncia de Tbilisi. Paris: UNESCO, 1980.
ZAHLER, Paccelli José Maracci. O perfil do educador ambiental. Disponível em: http://www.grupocurrupiao.blogspot.com Acesso em: 04.fev.2007.
ZAKRZEVSKI, Sonia Beatris Balvedi & SATO, Michèle. Refletindo sobre a formação de professoras em Educação Ambiental. In: SENAC. Textos complementares do Bloco temático IV. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006. Posted by Picasa

O PERFIL DO EDUCADOR AMBIENTAL 2

 


Mauritânia Lino de Oliveira é bióloga e educadora.

PERFIL DO EDUCADOR AMBIENTAL 2

Por Mauritânia Lino de Oliveira


“Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”

Artigo 1º - Capítulo I – Lei Federal nº 9.795 de 27 de abril de 1999


A idéia da Educação Ambiental surgiu como a ampliação do conceito de meio ambiente que inclui as interdependências de ambiente humano com o meio natural.
A evolução do conceito de Educação Ambiental fundamenta-se nos conceitos pré-estabelecidos pelo Programa Internacional de Educação Ambiental, formulados em Belgrado, em 1975, os quais foram aprofundados e consolidados na Conferência de Tbilisi (URSS), em 1977.
Desde então, inúmeros congressos, seminários e encontros ocorreram, destacando-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, que culminou com a elaboração da Agenda 21, documento que reúne propostas de ação e estratégias para implementa-la promovendo a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentado com vistas ao século 21.
O avanço da Educação Ambiental no país fez surgir a necessidade de se instrumentalizar politicamente as ações desenvolvidas. Como resultado do esforço governamental, em 27/04/99, foi sancionada a Lei Federal n° 9.795 que dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental.
Segundo os órgãos do Sistema Nacional de Meio Ambiente –SISNAMA, o processo educativo deve ser desenvolvido com os grupos sociais diretamente envolvidos com as atividades de gestão ambiental (produtores rurais, pescadores, grupos comunitários afetados por riscos ambientais e tecnológicos, irrigantes, técnicos de órgãos executores de políticas públicas, cuja base está no uso intensivo de recursos ambientais etc), objetivando a sua participação na prevenção e solução de problemas ambientais.A prática da educação ambiental, com esta perspectiva, exige que o educador possua, além de um amplo conhecimento sobre a problemática ambiental, também, capacidade tanto para desenvolver ações educativas com grupos culturalmente diferenciados, quanto para mediar situações conflituosas que envolvem interesses de vários atores sociais na disputa pelo controle e uso de recursos ambientais.


BIBLIOGRAFIA

SEMATEC, Educação Ambiental, semana do meio ambiente

http://www.ibama.gov.br/novo_ibama/paginas/materia.php?id_arq=3000

http://www.floraefauna.com/noticias/3007.htm Posted by Picasa