sexta-feira, dezembro 24, 2010

O PLANETA VAI CONTINUAR COM FEBRE

Por Leonardo Boff (Teólogo)

A COP 16 terminou na madrugada do dia 11 dezembro em Cancún com pífias conclusões, tiradas mais ou menos a forceps. São conhecidas e por isso não cabe aqui referi-las. Devido ao clima geral de decepção, foram até mais do que se esperava mas menos do que deveriam ser, dada a gravidade da crescente degradação do sistema-Terra. Predominou o espírito de Copenhague de enfrentar o problema do aquecimento global com medidas estruturadas ao redor da economia. E aqui reside o grande equívoco, pois o sistema econômico que gerou a crise não pode ser o mesmo que nos vai tirar da crise. Usando uma expressão já usada pelo autor: tentando limar os dentes do lobo, crê-se tirar-lhe a ferocidade, na ilusão de que esta reside nos dentes e não na natureza do próprio lobo. A lógica da economia dominante que visa o crescimento e o aumento do PIB implica na dominação da natureza, na desconsideração da equidade social (dai a crescente concentração de riqueza e a célere apropriação de bens comuns) e da falta de solidariedade para com as futuras gerações. E querem-nos fazer crer que esta dinâmica nos vai tirar das muitas crises, sobretudo a do aquecimento global.

Mas cumpre enfatizar: chegamos a um ponto em que se exige um completo repensamento e reorientação de nosso modo de estar no mundo. Não basta apenas uma mudança de vontade, mas sobretudo se exige a transformação da imaginação. A imaginação é a capacidade de projetar outros modos de ser, de agir, de produzir, de consumir, de nos relacionarmo-nos uns com os outros e com a Terra. A Carta da Terra foi ao coração problema e de sua possível solução ao afirmar:”Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Isto requer uma mudança nas mentes e nos corações. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local, nacional, regional e global”.

Este propósito não se fez presente em nenhuma das 16 COPs. Predomina a convicção de que a crise da Terra é conjuntural e não estrutural e pode ser enfrentada com o arsenal de meios que o sistema dispõe, com acordos entre chefes de Estado e empresários quando toda a comunidade mundial deveria ser envolvida. A referência de base não é a Terra como um todo, mas os estados-nações cada qual com seus interesses particulares, regidos pela lógica do individualismo e não pela da cooperação e da interconexão de todos com todos, exigida pelo caráter global do problema. Não se firmou ainda na consciência coletiva o fato de que o Planeta é pequeno, possui recursos limitados, se encontra superpovoado, contaminado, empobrecido e doente. Não se fala em dívida ecológica. Não se toma a sério a crise ecológica generalizada que é mais que o aquecimento global. Não são suficientes a adaptação e a mitigação sem conferir centralidade à grave injustiça social mundial, aos massivos fluxos migratórios que alcançaram já a cifra de 60 milhões de pessoas, a destruição de economias frágeis com o crescimento em muitos milhões de pobres e famintos, a violação do direito à seguridade alimentar e à saúde. Falta articular a justiça social com a justiça ecológica.

O que se impõe, na verdade, é um novo olhar sobre a Terra. Ela não pode continuar a ser um baú sem fundo de recursos a serem explorados para benefício exclusivamente humano, sem considerar os outros seres vivos que também precisam da biosfera. A Terra é Mãe e Gaia, tese sustentada sem qualquer sucesso pela delegação boliviana, e por isso sujeita de direitos e merecedora de respeito e de veneração. A crise não reside na geofísica da Terra, mas na nossa relação de agressão para com ela. Nós nos tornamos numa força geofísica altamente destrutiva, inaugurando, como já se fala, o antropoceno, uma nova era geológica marcada pela intensiva intervenção descuidada e irresponsável do ser humano.

Se a humanidade não se acertar ao redor de alguns valores mínimos como a sustentabilidade, o cuidado, a responsabilidade coletiva, a cooperação e a compaixão, poderemos nos acercar de um abismo, aberto lá na frente.

*Leonardo Boff foi observador na COP-16 em Cancún.

(Colaboração: Valéria Viana Labrea)

terça-feira, novembro 30, 2010

APONTAMENTOS SOBRE A FORMULAÇÃO E A GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Paccelli José Maracci Zahler

1. Introdução

As políticas públicas podem ser conceituadas como “as ações do Estado no exercício de suas competências” (VECCHIA, 2010). Em outras palavras, são ações técnicas, planejadas para atingir dois objetivos – o bem-estar e a justiça social.
A formulação e a fundamentação de uma política pública envolvem conhecimentos de História, Ciência Política, Sociologia, Economia, Direito, Administração Pública, além de temas específicos onde o Estado atua como, por exemplo, Educação, Saúde e Segurança Pública. Cada um desses temas, por sua vez, irá apresentar uma série de problemas, os quais não serão solucionados isoladamente, havendo necessidade de participação popular. A razão disto se deve ao fato de as políticas públicas serem voltadas para o atendimento das necessidades básicas da população e para a promoção do bem-estar social.
Essa característica da política pública exige que o seu gestor tenha uma visão de conjunto, holística, somada à habilidade de realizar negociações e interligar os temas objetivando uma solução plausível.
Tratando-se de uma Prefeitura Municipal, por exemplo, o gestor público terá que conhecer o arcabouço legal pertinente ( a Constituição Federal, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a Lei Orçamentária Anual, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei das Licitações) e o funcionamento da máquina governamental para captar os recursos necessários para a implementação de um bom projeto de política pública.

2. O Plano de Governo

O principal instrumento pelo qual o gestor público irá nortear as suas ações no decorrer do seu mandato será o Plano de Governo.
O Plano de Governo deve trazer medidas concretas, fundamentadas, visando mudanças na sociedade, atendo-se às áreas estratégicas cujo atendimento tem sido feito de modo precário pelo Setor Público, isentando-se de promessas e compromissos eleitoreiros.
De uma maneira geral, o estrategista deve ter um conhecimento amplo das dificuldades enfrentadas pela população, cuja priorização de soluções serão determinadas pela disponibilidade de recursos orçamentários, devidamente aprovados pelo Poder Legislativo, seja ele municipal, estadual ou federal.
Para isso, o estrategista deve ouvir todos os interessados ou seus representantes, seja por meio de reuniões específicas ou seminários, não apenas para adequar as suas propostas às prioridades dos governados, como para antecipar-se às críticas e resistências ao que pretende implementar.
Pode lançar mão, também, de pesquisas de opinião encomendadas ou veiculadas pelos meios de comunicação. Por exemplo, na edição de 21 de novembro de 2010 do jornal Correio Braziliense, página 40, foi publicado o resultado de uma pesquisa realizada pelo Instituto FSB com 1.005 pessoas em todo o Distrito Federal, no período de 4 a 7 de novembro de 2010, em parceria com a empresa ZN Estatística, responsável pelo plano amostral, para saber quais os maiores desafios a serem enfrentados pelo governo eleito em 31 de outubro de 2010.
Segundo a pesquisa do Instituto FSB, 53,2 % dos entrevistados apontam a área de Saúde como o principal desafio do governo eleito do Distrito Federal, devido à falta de remédios, de equipamentos, de médicos; filas de espera para consultas, exames ou cirurgias; infecções hospitalares, falhas no atendimento e mortes por negligência.
A Segurança Pública foi o segundo desafio apontado, de acordo com 21% dos entrevistados. Destes, 75% afirmaram sentirem-se inseguros ou muito inseguros para andarem a pé, sozinhos, pelas ruas após as 22 horas, temendo assaltos à mão armada.
A Educação Pública foi citada por 6,1% dos entrevistados, ficando em terceiro lugar, seguida da Corrupção (4,8%) e Transporte Público (3,0%).
Esse diagnóstico certamente estará na pauta de discussão do novo administrador do Distrito Federal e será incorporado ao Plano de Governo para o período 2011-2014.
Por outro lado, uma coisa é elaborar um Plano de Governo, outra coisa é implementá-lo, pois toda a atividade administrativa pública sofre a influência e a pressão de grupos de interesse.
Geralmente, os grupos de interesse são ouvidos nas câmaras setoriais, cabendo ao administrador público compatibilizar as reivindicações com o Plano de Governo, desde que sejam viáveis e amparadas pela legislação em vigor. Todavia, dependendo da força política do grupo de interesse, seus anseios tendem a ser impostos à Administração Pública, em detrimento dos interesses da população em geral.
A conseqüência disso é a corrupção da Administração Pública onde alguns administradores-chaves passam a se preocupar em atender aos desejos dos grupos de interesses para se manterem nos cargos. Neste caso, passam a gastar mais em propaganda e na divulgação de sua administração, promovendo um culto à própria imagem com vistas à continuidade no poder. Desta maneira, deixam de fazer o que deve ser feito para permanecerem nos cargos. Por exemplo, as falácias de que o tempo de mandato não é suficiente para realizar determinadas melhorias que, muitas vezes, dependem de ações simples e individuais, como o cumprimento de horários de trabalho, interesse no que está fazendo, responsabilidade e respeito com o usuário do Serviço Público.
Assim, na elaboração de um Plano de Governo e seu detalhamento, além dos recursos financeiros, deve-se levar em conta o tempo disponível para sua execução.

3. A Importância dos Indicadores de Desempenho

Não basta elaborar um Plano de Governo sem a utilização de índices ou indicadores de desempenho que permitam avaliar se a execução está sendo realizada de acordo com o que foi planejado e se são necessárias correções e adequações para que o mesmo seja concluído no prazo estabelecido.
De acordo com Prado (1969), a estatística é um instrumento útil que permite analisar uma parte dos fenômenos em planificação, onde intervêm aspectos econômicos, sociais e políticos, com todas as suas interações. Por exemplo, propor uma certa distribuição de renda supõe que se conheça, com bastante detalhe quantitativo, a distribuição existente e a redistribuição desejada. Neste caso, um indicador de desempenho irá sinalizar se a renda está sendo redistribuída de fato e se o público-alvo está sendo beneficiado.
Isso evidencia a necessidade de obtenção de dados quantitativos e qualitativos, obtidos por meio de métodos estatísticos idôneos, resultando em um plano de longo prazo, viável e consistente. Tais dados devem ser utilizados de forma objetiva para não perder a visão central das metas propostas.
Mas o que vem a ser um número índice ou índice?
É um quociente que expressa uma dada quantidade em comparação a uma quantidade base, ou seja, são valores relativos tanto no tempo como no espaço, podendo ser utilizados em dois casos: quando se referem a um único produto ou serviço; ou quando se referem a um conjunto de produtos ou serviços (ENDO, 1988).
Porém, quando se quer avaliar um conjunto de produtos ou de serviços surge o problema de decidir qual número índice utilizar e se ele realmente mede o que se está querendo medir.
Segundo Frisch (1936), citado por Endo (1988), o problema do número-índice surge sempre que se deseja uma expressão quantitativa para um complexo composto de mensurações individuais para as quais não existe uma medida física comum.
Um exemplo disso pode ser encontrado na concessão de um reajuste nos benefícios do Bolsa Família, o maior programa social do atual governo do Partido dos Trabalhadores, e que atende a cerca de 12 milhões de famílias.
Na realidade, não existem mecanismos claros para a correção periódica dos benefícios e dos valores de renda que servem de referência para o ingresso e a manutenção dos beneficiários do programa, além do que isso somente pode ser feito por meio de decretos presidenciais, ficando sujeito a manipulações, principalmente em períodos eleitorais; ou ao congelamento dos valores por um longo tempo. Entretanto, se fosse criada uma linha oficial da pobreza no Brasil, os riscos poderiam ser eliminados, evitando crises. Atualmente, cada instituto ou pesquisador estabelece seu próprio critério de renda para demarcar quem é pobre e quem não é (MENDONÇA, 2010), gerando polêmicas sobre o assunto.
O exemplo acima evidencia a importância de se ter um número-índice adequado e confiável para a avaliação, a correção e o aperfeiçoamento de uma política pública a partir de avaliações periódicas da evolução, dos objetivos e das metas estabelecidas no decorrer do tempo.

4. Alguns desafios

O gestor público deve considerar, na formulação de uma política pública, a questão dos direitos humanos, ou seja, daqueles direitos que vão garantir as necessidades fundamentais da sociedade como a Educação, a Saúde, a Segurança Pública, a Alimentação, o Trabalho, o Saneamento, a Infra-estrutura. Entretanto, o que se vê na mídia é a inserção dos direitos pessoais e corporativos nas políticas públicas.
Diante desse quadro, pode-se inferir que os gestores públicos, na atualidade, estão preocupados em atender aos próprios interesses (aumentar o patrimônio, compensar o investimento feito na campanha política, empregar familiares e agregados, ampliar a conta bancária em paraísos fiscais) ou atender aos interesses de empresas que investiram na sua campanha política, permitindo que elas ganhem licitações dirigidas, continuem poluindo a natureza e pagando baixos salários aos empregados, porém, sonegando o pagamento dos impostos, que são fontes de recursos para os programas sociais.
Um exemplo recente dessa prática foi desvelada pela Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal no Distrito Federal, onde gestores públicos, representantes do povo e aliados foram filmados enchendo bolsas, meias e vestimentas com maços de dinheiro oriundos do pagamento de propinas e de comissões oriundas da aprovação de empresas em licitações.
Em contraponto, a Revista Época, de 22 de maio de 2010, trouxe uma matéria nas páginas 106 a 109, intitulada “O País Mais Feliz do Mundo”, citando, como exemplo, a Dinamarca, onde as taxas de imposto de renda são altíssimas, mas as pessoas são “sorridentes, saudáveis e andam pelas ruas sem medo”, seguindo o preceito: “Você não é melhor que ninguém”.
Segundo a matéria, na Dinamarca há liberdade de expressão, os impostos ficam entre 50% e 70% da renda, porém, o Estado compensa isso com Segurança, Ensino Público gratuito, hospitais e acesso a especialistas.
O ensino básico é obrigatório e tem duração de dez anos. O ensino superior também é gratuito, graças à aplicação de 9% do PIB em Educação (o dobro do Brasil). Todos são fluentes em inglês, seu segundo idioma.
A Dinamarca aplica 20% do PIB na área de Saúde Pública. O Brasil, segundo estudo da Fundação Oswaldo Cruz, aplica em torno de 4 %.
As pessoas, a partir dos 65 anos, recebem uma pensão do Estado, mas podem trabalhar em horários adequados para a manutenção da saúde mental, sendo comum encontrar, por exemplo, guardas de museu com mais de 70 anos, trabalhando 10 dias por mês.
Voltando os olhos para o Brasil, pode-se verificar que os impostos também são altos. A carga tributária no Brasil corresponde, hoje, a 35 % do PIB, uma das mais altas do mundo, o que dificulta o crescimento da economia e a expansão dos negócios (ROCHA & LOYOLA, 2010). Para se ter uma idéia, em 1993, foi criado o Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF), mais tarde denominado de Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), a qual rendia cerca de R$ 40 bilhões anuais até 2007, quando foi extinta. Tais recursos deveriam ter sido aplicados na área de Saúde, mas tomaram outro destino. Assim, não é de se estranhar o mau atendimento à população no sistema público de saúde e, quem tem condições financeiras, acaba optando por um bom plano privado de saúde para evitar transtornos na hora que precisar de atendimento médico.
A mesma situação pode ser encontrada na área de Educação onde, quem deseja uma formação de qualidade, busca as escolas particulares ou escolas no exterior, muitas das quais com mensalidades mais baratas e com a vantagem de o aluno voltar dominando um segundo idioma.
O problema da Educação se agrava com a precariedade das escolas para pessoas especiais quais sejam disléxicos, cegos, surdos, mudos, com problemas motores e com síndrome de Down; assim como cursos profissionalizantes para jovens que desejam e necessitam entrar logo no mercado, bem como para presidiários.
Estes são os desafios mais urgentes que se somam à Segurança Pública, Infra-estrutura, Saneamento, temas que merecem uma atenção especial dos gestores públicos, cujos problemas são tratados e mostrados diariamente pela imprensa falada, escrita e televisada.

5. Conclusão

O tema da formulação e da gestão de políticas públicas é muito complexo e apresenta muitas idiossincrasias, porém, diante do exposto e dos exemplos apresentados, verifica-se a necessidade de planos, programas e projetos voltados para o atendimento das necessidades reais da população, as quais devem ser geridas em observância aos princípios básicos da Administração Pública que são: a legalidade, a moralidade, a impessoalidade, a publicidade, a transparência.
Apesar da complexidade da sua elaboração, se forem aplicados os princípios científicos de Administração Pública, com objetivos, metas e indicadores de desempenho representativos, será possível proporcionar mais qualidade de vida a uma população que para impostos em demasia, mas que, até o presente momento, não teve uma contrapartida justa por parte do Estado.

6. Bibliografia

ENDO, Seiti Kaneko. Números índices. São Paulo: Atual, 1988.
MADER, Helena. Saúde preocupa brasilienses. Jornal Correio Braziliense, 21 de novembro de 2010, p. 40.
MENDONÇA, Ricardo. Quem é pobre? Revista Época, nº 653, 22 de novembro de 2010, p. 52-53.
NOGUEIRA, Paulo. O país mais feliz do mundo. Revista Época, nº 627, 22 de maio de 2010.
PRADO, Arturo Nuñes Del. Estatística básica para planificação. Rio de Janeiro: Forum/ILPES, 1969.
ROCHA, Leonel & LOYOLA, Leandro. Dilma entre dois caminhos. Revista Época, nº 652, 15 de novembro de 2010, p. 52-54.
VECCHIA, Rosangela. O que são políticas públicas? Texto de referência. Escola de Formação Política Miguel Arraes, Fundação João Mangabeira. Brasília, 2010.

segunda-feira, novembro 01, 2010

domingo, julho 18, 2010

AMAZÔNIA: NOVA CAMPANHA PARA INTERNACIONALIZAÇÃO

Por Carlos Chagas

Aproveitam-se os eternos abutres do Hemisfério Norte para voltar à velha cantilena de constituir-se a Amazônia em patrimônio da Humanidade, devendo ser administrada por um poder internacional, sobreposto aos governos dos países amazônicos. Editorial do New York Times acaba de funcionar como toque de corneta capaz de arregimentar as variadas tropas de assalto.

Vinte anos atrás incrementou-se a blitz institucionalizada por governos dos países ricos, de Al Gore, nos Estados Unidos, para quem o Brasil não detinha a soberania da floresta, a François Mitterand, da França, Felipe Gonzales, da Espanha, Mikail Gorbachev, da então União Soviética, Margareth Tatcher e John Major, da Inglaterra, entre outros. Quando de sua primeira campanha, George W. Bush chegou a sugerir que os países com grandes dívidas externas viessem a saldá-las com florestas, coisa equivalente a perdoar os países do Norte da África e do Oriente Médio, que só tem desertos.
Naqueles idos a campanha beirava os limites entre o ridículo e o hilariante, porque para fazer a cabeça da infância e da juventude, preparando-as para integrar as forças invasoras, até o Batman, o Super-Homem, a Mulher Maravilha e outros cretinos fantasiados levavam suas aventuras à Amazônia, onde se tornavam defensores de índios vermelhos e de cientistas lourinhos, combatendo fazendeiros e policiais brasileiras desenhados como se fossem bandidos mexicanos, de vastos bigodes e barrigas avantajadas.

Depois, nos anos noventa, a estratégia mudou. Deixou-se de falar, ainda que não de preparar, corpos de exército americanos especializados em guerra na selva. Preferiram mandar batalhões precursores formados por montes de ONGS com cientistas, religiosos e universitários empenhados em transformar tribos indígenas brasileiras em nações independentes, iniciativa que vem de vento em popa até hoje e que logo redundará num reconhecimento fajuto de reservas indígenas como países “libertados”.

Devemos preparar-nos para uma nova etapa, com a participação da quinta-coluna brasileira, composta por ingênuos e por malandros que dão a impressão de recrudescerem na tentativa de afastar nosso governo da questão. Terá sido por mera coincidência que os Estados Unidos anunciaram a criação da Quarta Esquadra de sua Marinha de Guerra, destinada a patrulhar o Atlântico Sul, reunindo até porta-aviões e submarinos nucleares?

Do nosso lado, bem que fazemos o possível, aparentemente pouco. Não faz muito que uma comissão de coronéis do Exército Nacional, chefiados por dois generais, passaram meses no Viet-Nam, buscando receber lições de como um país pobre pode vencer a superpotência mais bem armada do planeta, quando a guerra se trava na floresta. Do general Andrada Serpa, no passado, ao ex-ministro Zenildo Lucena, aos generais Lessa, Santa Rosa e Cláudio Figueiredo, até o general Augusto Heleno e o coronel Gélio Fregapani, agora, a filosofia tem sido coerente. Nossos guerreiros transformam-se em guerrilheiros. Poderão não sustentar por quinze minutos um conflito convencional, com toda a parafernália eletrônica do adversário concentrada nas cidades, mas estarão em condições de repetir a máxima do hoje venerando general Giap: “entrar, eles entram, mas sair, só derrotados”.

Em suma, pode vir coisa por aí, para a qual deveremos estar preparados. Claro que não através da pueril sugestão de transformar soldados em guarda-caças ou guardas florestais. Os povos da Amazônia rejeitaram, na década de setenta, colaborar com a guerrilha estabelecida em Xambioá, mas, desta vez, numa só voz, formarão o coro capaz de fornecer base para uma ação militar nacional.

Para aqueles que julgam estes comentários meros devaneios paranóicos, é bom alertar: por muito menos transformaram o Afeganistão e o Iraque em campo de batalha, onde, aliás, estão longe de sair vitoriosos, apesar de enfrentarem o deserto e não a selva, mil vezes mais complicada...
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Fonte: www.claudiohumberto.com.br (edição de 18.jul.2010)

POTENCIAL BIÓTICO (Prof. Dorival Filho)



Fonte: YouTube.

NICHO ECOLÓGICO (Prof. Dorival Filho)



Fonte: YouTube.

quinta-feira, junho 10, 2010

sábado, junho 05, 2010

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE (05.jun), SÃO PAULO (Jornal da Gazeta)



Fonte: YouTube.

05 de Junho - DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE (Portugal)



Fonte: YouTube.

Vídeo feito para consumo interno de uma escola básica portuguesa sobre o "Dia Mundial do Ambiente" (5 de Junho de 2008). A música é um trecho da trilha sonora do filme "I'm Legend".

quinta-feira, maio 13, 2010

quinta-feira, abril 01, 2010

A CASA DO MESTRE ANDRÉ (Ficção, 2007) (15 min)



A Casa do Mestre André

Gênero: Ficção
Diretor: Leo Sykes
Ano: 2007
Duração: 15 min
Cor: Colorido
Bitola Beta
País: Brasil
Local de Produção: DF

Dois palhaços estão tocando música na rua. Um guarda leva os instrumentos deles, porque "não pode tocar aqui". Umas crianças querem ajudar os palhaços e levam eles até a casa do Mestre André, um inventor de instrumentos musicais feitos de matérias reciclados. Fornecidos de instrumentos novos os palhaços voltam para tocar na rua e esta vez o guarda não resiste á musica e acaba dançando junto com todo mundo.


Ficha Técnica

Produção ASACINE Produções/Marcio Curi, Udi Grudi Co-produção Asa Video, Udi Grudi Filmes, Núcleos Radicais - Fundação Athos Bulcão Fotografia Asa Video, Udi Grudi Filmes Roteiro Leo Sykes Apoio Curta Criança - Ministério da Cultura

(Nota do exibidor: O filme mostra o aproveitamento de material normalmente jogado no lixo.)

sábado, fevereiro 06, 2010

GLOBALIZAÇÃO ALIMENTAR (VÍDEO)


Breve entrevista a Jerry Mander en que habla del control de la información ejercido por el capital privado, del poder de la publicidad, y de las nefastas consecuencias sociales de la globalización e industrialización de la producción de alimentos.
Mander es el presidente del International Forum on Globalization:
http://www.ifg.org/

Fonte: YouTube.

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

AS COISAS QUE MORAM NAS COISAS (2006) (14 min)



As Coisas que Moram nas Coisas


Gênero: Ficção
Diretor: Bel Bechara, Sandro Serpa
Elenco: Gabriel Fantini, Jesser de Souza, Lucas Arruda, Luciana Arruda, Raquel Scotti Hirson, Robson Emílio
Ano: 2006
Duração: 14 min
Cor: Colorido
Bitola: 35mm
País: Brasil
Local de Produção: SP

Enquanto acompanham sua família formada por catadores de lixo, três crianças atribuem novos significados aos objetos descartados pela cidade, inventando brincadeiras e pontos de vista.

Ficha Técnica

Produção: Paulo Boccato, Mayra Lucas
Fotografia: Bel Bechara, Sandro Serpa
Roteiro: Bel Bechara, Sandro Serpa
Direção de Arte: Manuela Ferrari
Trilha original: Lívio Tragtenberg
Som: João Godoy
Edição de som: Bel Bechara, Sandro Serpa
Câmera: Bel Bechara, Sandro Serpa
Produção Executiva: Bel Bechara, Sandro Serpa
Montagem: Sandro Serpa

Prêmios

Prêmio Porta Curtas no Festival Internacional de Curtas de São Paulo 2006

terça-feira, fevereiro 02, 2010

AMAZON JOURNEY - MEMÓRIA DAS ÁGUAS



Fonte: YouTube.

Colaboração: Valéria Viana Labrea.

domingo, janeiro 24, 2010

quarta-feira, janeiro 13, 2010

WE BELONG - UMA CELEBRAÇÃO DA DIVERSIDADE (documentário) (2003)



We Belong - Uma Celebração da Diversidade

Gênero: Documentário
Diretor: Sérgio Sá Leitão
Ano: 2003
Duração: 26 min
Cor: Colorido
Bitola Vídeo
País: Brasil

Os espectadores poderão ver, ouvir e se emocionar com pessoas de lugares e trajetórias completamente diferentes, que acabam se encontrando num mesmo lugar, pela mesma razão: o desejo de construir um mundo mais justo e igualitário.

Ficha Técnica

Produção: Paulo Rubens Fonseca, Júlia Mariano, Sérgio Kahn Fotografia Sérgio Sá Leitão
Roteiro: Sérgio Sá Leitão
Edição: Fernanda Rondon
Trilha original: Paulo Vivácqua
Produção Executiva: Luís Vidal
Videografismo: Marcus Moraes

sexta-feira, janeiro 08, 2010

segunda-feira, janeiro 04, 2010

A HORA E A VEZ DA ECOLOGIA MENTAL (Leonardo Boff)


Leonardo Boff
Teólogo

No dia 2 de fevereiro de 2007 ao ouvir em Paris os resultados acerca do aquecimento global dados a conhecer pelo Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC) o então Presidente Jacques Chirac disse:”Como nunca antes, temos que tomar a palavra revolução ao pé da letra. Se não o fizermos o futuro da Terra e da Humanidade é posto em risco”. Outras vozes já antes, como a de Gorbachev e de Claude Levy Strauss pouco antes de morrer. advertiam: “ou mudamos de valores civilizatórios ou a Terra poderá continuar sem nós”.

Esse é o ponto ocultado nos forums mundiais, especialmente o de Copenhague. Se for reconhecido abertamente, ele implica uma autocondenação do tipo de produção e de consumo com sua cultura mundialmente vigente. Não basta que o IPCC diga que, em grande parte, o aquecimento agora irreversível é produzido pelos seres humanos. Essa á uma generalização que esconde os verdadeiros culpados: são aqueles homens e mulheres que formularam, implantaram e globalizaram o modo de produção de bens materiais e os estilos de consumo que implicam depredação da natureza, clamorosa falta de solidariedade entre as atuais e as futuras gerações.

Pouco adianta gastar tempo e palavras para encontrar soluções técnicas e políticas para a diminuição dos níveis de gases de efeito estufa se mantivermos este tipo de civilização. É como se uma voz dissesse: “pare de fumar, caso contrário vai morrer”; e outra dissesse o contrario: “continue fumando, pois ajuda a produção que ajuda criar empregos que ajudam garantir os salários que ajudam o consumo que ajuda aumentar o PIB”. E assim alegremente, como nos tempos do velho Noé, vamos ao encontro de um dilúvio pré-anunciado.

Não somos tão obtusos a ponto de dizer que não precisamos de política e de técnica. Precisamos muito delas. Mas é ilusório pensar que nelas está a solução. Elas devem ser incorporadas dentro de um outro paradigma de civilização que não reproduza as perversidades atuais. Por isso, não basta uma ecologia ambiental que vê o problema no ambiente e na Terra. Terra e ambiente não são o problema. Nós é que somos o problema, o verdadeiro Satã da Terra quando deveríamos ser seu Anjo da Guarda. Então: importa fazer, consoante Chirac, uma revolução. Mas como fazer uma revolução sem revolucionários?

Estes precisam ser suscitados. E que falta nos faz um Paulo Freire ecológico! Ele sabiamente dizia algo que se aplica ao nosso caso:”Não é a educação que vai mudar o mundo. A educação vai mudar as pessoas que vão mudar o mundo”. Precisamos destas pessoas revolucionárias, caso contrario, preparemo-nos para o pior, porque o sistema imperante é totalmente alienado, estupificado, arrogante e cego diante de seus próprios defeitos. Ele é a treva e não a luz do túnel em que nos metemos.

É neste contexto que invocamos uma das quatro tendências da ecologia (ambiental, social, mental, integral): a ecologia mental. Ela trabalha com aquilo que perpassa a nossa mente e o nosso coração. Qual é a visão de mundo que temos? Que valores dão rumo à nossa vida? Cultivamos uma dimensão espiritual? Como nos devemos relacionar com os outros e com a natureza? Que fazemos para conservar a vitalidade e a integridade de nossa Casa Comum, a Mãe Terra?

Não dá em poucas linhas traçar o desenho principal da ecologia mental, coisa que fizemos um inúmeras obras e vídeos. O primeiro passo é assumir o legado dos astronautas que viram a Terra de fora da Terra e se deram conta de que Terra e Humanidade foram uma entidade única e inseparável e que ela é parcela de um todo cósmico. O segundo, é saber que somos Terra que sente, pensa e ama, por isso homo (homem e mulher) vem de húmus (terra fecunda). O terceiro que nossa missão no conjunto dos seres é de sermos os guardiães e os responsáveis pelo destino feliz ou trágico desta Terra, feita nossa Casa Comum. O quarto é que junto com o capital natural que garante nossa bem estar material, deve vir o capital espiritual que assegura aqueles valores sem os quais não vivemos humanamente, como a boa-vontade, a cooperação, a compaixão, a tolerância, a justa medida, a contenção do desejo, o cuidado essencial e o amor.

Estes são alguns dos eixos que sustentam um novo ensaio civilizatório, amigo da vida, da natureza e da Terra. Ou aprendemos estas coisas pelo convencimento ou pelo padecimento. Este é o caminho que a história nos ensina.

Leonardo Boff é autor do DVD As quatro ecologias, CDDH de Petrópolis, 2009.

(Colaboração: Valéria Viana Labrea)