segunda-feira, dezembro 25, 2006

Dê bons exemplos, pois o que as crianças vêem, fazem (video)

Se dermos bons exemplos de respeito às pessoas e ao meio ambiente, as crianças nos seguirão.


domingo, dezembro 24, 2006

Imagine (John Lennon) (videoclip, letra e tradução)





Imagine

John Lennon



Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky

Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too

Imagine all the people
Living life in peace
You may say,
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man

Imagine all the people
Sharing all the world

You may say,
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one



Imagine (tradução)

Imagine que não existe céu
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
E acima apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje

Imagine não existir países
Não é difícil de fazê-lo
Nada para matar ou por morrer
E nenhuma religião
Imagine todas as pessoas
Vivendo em paz

Talvez você diga que eu sou um sonhador
Mas não sou o único
Desejo que um dia você se junte a nós
E o mundo, então, será como um só

Imagine não existir posses
Eu ficaria surpreso se você conseguisse
Sem necessidade de ambição ou fome
Uma irmandade humana
Imagine todas as pessoas
Partilhando o mundo

Talvez você diga que eu sou um sonhador
Mas não sou o único
Desejo que um dia você se junte a nós
E o mundo, então, será como um só

terça-feira, dezembro 19, 2006

Educar para a sustentabilidade 3


Mauritânia Lino de Oliveira é bióloga e educadora.






Aluna: Mauritânia Lino de Oliveira
Bloco Temático 4 – Educar para a sustentabilidadeTema 2 – Conhecendo a emergência da EA Atividade 3
Tutora: Marilia Teresinha de Souza Machado
Coordenador do Curso: Samuel Brauer Nascimento
Brasília, 19 de dezembro de 2006.

“Fundamentalmente, a solução dos problemas ambientais está na Educação”. – Partindo desta afirmação, construa o cenário brasileiro atual no qual está contemplada a Educação Ambiental.

Para falar em Educação Ambiental, necessariamente devemos falar de atitudes, de cultura, de qualidade de vida, de respeito, de ética, de cidadania, de sociedade, de natureza, de recursos naturais, de água, de energia, de ar, de terra, enfim, poderíamos continuar por um bom tempo listando a abrangência do assunto Educação Ambiental[...]

A idéia da Educação Ambiental surgiu como a ampliação do conceito de meio ambiente que inclui as interdependências de ambiente humano com o meio natural. A evolução do conceito de Educação Ambiental fundamenta-se nos conceito pré-estabelecido pelo Programa Internacional de Educação Ambiental, formulados em Belgrado, em 1975, os quais foram aprofundados e consolidados na Conferência de Tbilisi(URSS), em 1977.

Desde então, inúmeros congressos, seminários e encontros ocorreram, destacando-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, que culminou com a elaboração da Agenda 21, documento que reúne propostas de ação e estratégias para implementa-la promovendo a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentado com vistas ao século 21.

A trajetória da Educação Ambiental, no mundo e no Brasil, remonta esforços que se desdobram desde a década de 1960. Naquela época, o mundo refletia sobre o futuro do planeta e da civilização, na medida em que, os prejuízos causados pela emissão das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki (1945) durante a Segunda Guerra Mundial, acarretaram debates, reflexões e muita polêmica. Iniciaram-se então debates abrangentes sobre o tema.

A primeira medida em função desta ampla discussão, foi dada pela fundação da Organização das Nações Unidas (ONU) em 14 de maio de 1948; e obviamente, os primeiros debates se deram em função da paz no mundo, no entanto, diversos fatos se sucederiam na história contemporânea que chamariam mais uma vez a atenção de todos, dirigentes políticos, pesquisadores, educadores e população em geral sobre a necessidade de se avaliar a construção de valores éticos sociais visando a sobrevivência da vida no planeta, e em especial, a vida humana.

O avanço da Educação Ambiental no país fez surgir a necessidade de se instrumentalizar politicamente as ações desenvolvidas.Como resultado do esforço governamental, em 27/04/99, foi sancionada a Lei Federal nº9.795 que dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental, consoante aos documentos internacionais, Agendas 21 Federal e Estadual, na qual se incluem os cursos regulares de formação de professores de Educação Ambiental.

No ambiente urbano das médias e grandes cidades, a escola, além de outros meios de comunicação é responsável pela educação do indivíduo e conseqüentemente da sociedade, uma vez que há o repasse de informações, isso gera um sistema dinâmico e abrangente a todos. A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.

Cada vez mais, sabemos que a solução para os graves problemas ambientais que se apresentam depende de cada um de nós. Somente quando cada um internalizar a necessidade dessa mudança e fizer a sua parte poderemos alcançar as mudanças de percepção em nossas relações com o ambiente e conosco. Ao final de cada dia, ao colocarmos nossa cabeça sobre o travesseiro, devemos ter dado a nossa contribuição individual, efetiva. Reconhece-se ainda predomina um quadro cruel de degradação ambiental, em todo o mundo. Entretanto, as pessoas estão reagindo. É inegável que nos últimos anos a sociedade humana buscou melhorias na sua relação com o ambiente. A temática ambiental difundiu-se, criaram-se políticas específicas e as pessoas estão mais sensibilizadas sobres essas questões. Entretanto, o que se faz ainda é insuficiente para produzir as mudanças de mentalidade que se fazem necessárias.
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Bibliografia:

Projeto de Educação Ambiental Universidade Católica de Brasília – Pró-Reitoria de Extensão (Diretoria de Programas Comunitários)
Educação Ambiental – SEMATEC- Secretaria de Meio Ambiente,Ciência e Tecnologia do DF
GUIMARÃES, Mauro. Educação ambiental pra quê? Texto complementar do Bloco Temático IV, E-book do Curso de Educação Ambiental do SENAC/DF, 2006.
RUSSO, Célia Regina. A Prática da Educação Ambiental na UniABC. Disponível em paginas.terra.com.br/educacao/cepambiental/eauniabc.html.

Educar para a sustentabilidade 2



Paccelli José Maracci Zahler é engenheiro agrônomo e ecólogo.

Página pessoal: http://www.geocities.com/paccelli

PACCELLI JOSÉ MARACCI ZAHLER
EEA_TI_BLTIV:Tarefa: Bloco 4, Tema 2, Atividade 3
Tutora: Marilia Teresinha de Sousa Machado (tutora EA)
Coordenador do Curso: Samuel Brauer Nascimento
Brasília, DF, 18 de dezembro de 2006.

EDUCAR PARA A SUSTENTABILIDADE 2


“Fundamentalmente, a solução dos problemas ambientais está na Educação” (Lutzenberger, 1977).

O aforismo acima consta do livro de José Lutzenberger, “Fim do Futuro? Manifesto Ecológico Brasileiro”, publicado pela Editora Movimento/UFRGS, Porto Alegre, em 1977, época em que o autor alertava para a necessidade de se pensar na conservação do planeta para as próximas gerações e chamava a atenção para a necessidade da implantação de uma Educação Ambiental.

Em 1976, o Prof. Dr. Mário Guimarães Ferri, no livro “Ecologia e Poluição”, publicado pela Ed. Melhoramentos, em conjunto com o Instituto Nacional do Livro – INL/MEC e com a Editora da Universidade de São Paulo, apresentava uma série de exemplos de problemas ambientais causados pela falta de saneamento básico, falta de reciclagem do lixo, aplicação de agrotóxicos, queimadas, desmatamentos, monoculturas, emissões de veículos automotores e de indústrias, e dizia:

“Já percebemos, pelos exemplos acima citados, que na base de todos estes problemas de desequilíbrios ecológicos e poluição reside um problema de educação. A começar pelos casos de ganância, ignorância, enfoque unilateral e distorção profissional.
Esta distorção desapareceria se os profissionais fossem formados e educados de outra maneira. Também desapareceriam a ganância e a ignorância, se a educação fosse tal que levasse à compreensão de que certos processos de exploração de recursos naturais rendem muito, mas por pouco tempo, e que é mais inteligente buscar rendimento menor, porém, duradouro” (p. 124).

A problemática ambiental foi tema de estudos e debates no final da década de 1970 e durante a década de 1980, tendo inclusive sido inserida na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que diz, em seu artigo 225, capítulo V:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

No parágrafo 1º, inciso VI, consta, entre os deveres do Poder Público:

“Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.

Entretanto, foi somente em abril de 1999, por meio da Lei nº 9.795, que foi instituída a Política Nacional de Educação Ambiental, regulamentada em 2002 pelo Decreto nº 4.281.

Embora o tema pareça novo, ele já havia sido proposto pelo escocês Patrick Greddes (1854-1893), em 1889, onde, no livro “A Compreensão do que é Educação Ambiental” (Insight into Environmental Education) chamava a atenção para o fato de que “uma criança, em contato com a realidade do seu ambiente, não só aprende melhor, mas também desenvolve atitudes criativas em relação ao mundo que a cerca”.
Patrick Greddes é considerado o pai da Educação Ambiental.

Voltando ao caso brasileiro, verifica-se que foram necessários 14 anos para a institucionalização da Educação Ambiental no País. Entretanto, não existe um consenso sobre a prática da Educação Ambiental e o papel dos educadores ambientais (SENAC, 2006).

Oficialmente, entendem-se por Educação Ambiental “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente” (Lei nº 9.795/1999).

Todavia, pergunta-se: “Qual o papel do Educador Ambiental?”

GUIMARÃES (2006) responde a essa questão no artigo “Educação Ambiental pra quê?” afirmando:

“(...) conscientizar não é simplesmente transmitir valores “verdes” do educador para o educando; essa é a lógica da educação “tradicional”; é, na verdade, possibilitar ao educando questionar criticamente os valores estabelecidos pela sociedade, assim como os valores do próprio educador que está trabalhando em sua conscientização”.
Tal resposta corrobora a dificuldade que é implantar, não apenas um programa de Educação Ambiental teórico, mas, principalmente, prático; ou seja, a mudança de atitude esperada dos educandos deve se refletir na prática, em menos lixo, em reciclagem de materiais, em menos poluição, em menos emissões de gases, em menos desmatamento.

Como fazer isso se toda a infra-estrutura da sociedade de consumo está construída sobre um maior consumo de energia, de materiais, de emissão de gases para a atmosfera, levando a problemas de efeito estufa, destruição da camada de ozônio, poluição das águas, desigualdade social?

A resposta para essa questão não existe no presente momento, apesar da conscientização de alguns grupos de idealistas, estudiosos e ambientalistas de diferentes pontos do planeta.

Será necessário um esforço de todos, governantes e governados, para que se possa mudar os paradigmas atuais.

A Educação Ambiental pode indicar o caminho.

BIBLIOGRAFIA

FERRI, Mário Guimarães. Ecologia e poluição. São Paulo: Melhoramentos/INL-MEC/Edusp, 1976.
GUIMARÃES, Mauro. Educação ambiental pra quê? Texto complementar do Bloco Temático IV, E-book do Curso de Educação Ambiental do SENAC/DF, 2006.
SENAC. Educar para a sustentabilidade. Bloco Temático IV. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
http://amigosdanatureza.net/especiais/linha_02.htm Acesso em 15.dez.2006.






segunda-feira, dezembro 18, 2006

Educar para a sustentabilidade


Valéria Viana Labrea é educadora.





Aluna: Valéria Viana Labrea
Bloco Temático 4 – Educar para a sustentabilidade
Tema 2 – Conhecendo a emergência da EA
Atividade 3- “Fundamentalmente, a solução dos problemas ambientais está na Educação”. – Partindo desta afirmação, construa o cenário brasileiro atual no qual está contemplada a Educação Ambiental.
Tutora: Marilia Teresinha de Souza Machado
Coordenador do Curso: Samuel Brauer Nascimento
Brasília, 18 de dezembro de 2006.

Observarmos hoje nos diferentes setores sociais uma forte tendência em reconhecer o processo educativo como uma possibilidade de provocar mudanças e alterar o atual quadro de degradação do ambiente com o qual nos deparamos. É muito difícil encontrarmos afirmações que neguem a importância de trabalhos educativos, principalmente os que se preocupam em incorporar em suas propostas o conhecimento dos dinâmicos processos da natureza, as alterações que o homem vem provocando nos mesmos e as conseqüências dessas alterações para a vida na Terra. Muitas vezes a contribuição do processo educativo para as mudanças almejadas é tão supervalorizada que leva, facilmente, à idealização ou à mistificação. Apesar desse risco, entende-se que o desenvolvimento de atividades desta natureza é hoje uma exigência no sentido de que o processo educativo cumpra sua função social.

Particularmente a partir de 1960, acompanhando o movimento mundial acerca da questão ambiental, o processo educativo passa a ser visto não apenas como instrumento de aquisição de conhecimentos, preservação ou conservação, mas começam a ser ampliados os objetivos para a educação e sua relação com as questões ambientais. A partir daí, o termo "educação ambiental" tem sido usado e parece ter substituído os chamados “estudos naturais”, “educação para conservação” ou “trabalhos de campo”. Acumulamos, hoje, experiências em relação a propostas desta natureza de aproximadamente 30 anos.

No caso do Brasil podemos observar, a partir de meados da década de 70, que uma série de propostas educativas (tanto no interior da rede formal de ensino como fora dela, junto a diferentes instituições da sociedade civil), têm incorporado atividades relacionadas com a temática ambiental.

Em relação aos diferentes aspectos da natureza, é importante não priorizar uma abordagem descritiva da mesma, apresentando os seus diferentes componentes de forma isolada, sem considerar as complexas interações entre esses diferentes elementos e os constantes e dinâmicos processos de transformação dessa mesma natureza. A ênfase nos processos descritivos e nos sistemas de classificação dos elementos naturais contribui para reforçar particularidades que muitas vezes prejudicam a compreensão da natureza de uma forma mais integrada. Nesse sentido, parece-nos mais adequado o tratamento dos componentes naturais a partir de uma abordagem ecológico-evolutiva. A abordagem ecológica traz como conseqüência a dimensão espacial, incluindo os aspectos físicos, químicos, geológicos e biológicos do meio, e enfatiza a interação entre os diferentes componentes, fenômenos e processos do mesmo. A abordagem evolutiva, por sua vez, possibilita a compreensão mais profunda da dinâmica natural, não só do ponto de vista de seu funcionamento, mas principalmente das razões e dos porquês dos complexos processos interativos presentes no meio natural.

No entanto, tem-se insistido, veementemente, que as questões a serem tratadas numa proposta dessa natureza não devem restringir-se à dimensão dos aspectos naturais do meio. Nesse sentido, uma das questões mais complexas levantadas pelo movimento ambientalista é a que diz respeito à relação do homem, organizado em sociedade, com a natureza. A perspectiva fatalista, o reducionismo biológico e a análise a-histórica desta questão são riscos que devem ser evitados a todo custo se é que se pretende uma visão mais crítica e ampla desta realidade. Também não se trata apenas e somente de apresentar os diferentes conhecimentos científicos sobre o mundo da natureza e o mundo da cultura historicamente acumulados. Será também necessário trabalhar o próprio processo de produção do conhecimento científico. Aspectos relacionados com as características do conhecimento científico e com as influências de fatores de ordem econômica política e social não podem deixar de ser considerados. Em última análise trata-se de considerar o trabalho científico como uma atividade tipicamente humana. Inclui-se aqui a relação entre ciência e tecnologia e os impactos experimentados pela sociedade moderna em relação ao desenvolvimento tecnológico e aos padrões de utilização desta tecnologia.


Quanto às questões éticas e morais é interessante frisar a necessidade de um sistema ético que controle a relação do homem com a terra. Esta consciência está sendo desenvolvida e, hoje, são vários os autores que reconhecem a necessidade de incorporarmos essa dimensão ética não só no sentido de compreendermos as nuanças das questões colocadas pelos ambientalistas como também no sentido de construirmos novos padrões de relação com o meio natural.

Outra questão que tem sido valorizada pelo movimento ambientalista e pelos educadores interessados no tratamento de questões desta natureza está relacionada com o desenvolvimento da capacidade de participação política dos indivíduos, no sentido de construção da cidadania e de uma sociedade democrática. Neste sentido, são vários os autores que consideram o envolvimento e a participação coletiva dos indivíduos na busca de soluções para os diversos problemas ambientais com os quais deparamos, como um dos objetivos fundamentais para os trabalhos educativos relacionados com esta questão. Este nível de envolvimento é visto, assim, como uma grande oportunidade para o desenvolvimento de habilidades relativas à participação política e ao processo de construção da cidadania. Uma das conseqüências práticas desta concepção é a busca de procedimentos didáticos que contribuam para o desenvolvimento de um espírito cooperativo e solidário.

As respostas definitivas às questões contemporâneas requerem análise do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, e envolvem aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos,científicos, culturais e éticos. Com esse entendimento, a educação ambiental, integrada às demais políticas públicas setoriais, assume destacada posição para o diálogo, a parceria e a aliança, e pauta-se pela vertente crítica e emancipatória da educação, estimulando a autonomia do educando, de modo a desenvolver não apenas a ética ecológica no âmbito individual, mas também o exercício da cidadania.

Esse modo de fazer da educação ambiental requer dos educadores um aprofundamento teórico e um aprendizado de modos de interagir com os educandos que são necessários para traduzir o sentido crítico e emancipatório da educação ambiental em suas práticas pedagógicas.


Bibliografia
CAPRA, Fritjof. Alfabetização ecológica: desafios para a educação no século 21. in: TRIGUEIRO, André (org.). Meio Ambiente no Século 21. RJ: Sextante, 2003.
TRATADO de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Disponível em www.rebea.org.br. Acesso em 05/12/2006.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Reciclagem e Artesanato


Mauritânia Lino de Oliveira é bióloga e educadora.


Reciclagem e Artesanato

Por Mauritânia Lino de Oliveira

A sociedade de consumo gera uma série de resíduos que poderiam ser re-aproveitados ao invés de ficarem jogados no meio ambiente, entupindo a rede de águas pluviais, acumulando água da chuva e propiciando condições para a proliferação de mosquitos e outros insetos.
No caso do Plano Piloto de Brasília, um estudo realizado pelo Engº Florestal Benício de Melo Filho (Correio Braziliense, de 26/11/2006), autor do livro “O valor econômico e social do lixo de Brasília”, a falta de coleta seletiva faz com que a cidade jogue fora cerca de R$ 75 mil por semana em produtos que poderiam ser reciclados.
Em uma época em que se cultua o desperdício, “reciclar” tem sido o verbo do momento.
De acordo com AULETE (2004), “reciclar” é “reaproveitar (algo) para a produção de novos produtos, ou recuperá-lo para sua reutilização”.
Ao conjunto de técnicas que têm por finalidade coletar, separar e processar os detritos para serem usados como matéria-prima para a confecção de novos produtos, chamamos “reciclagem”, processo que se popularizou na década de 1970, quando as preocupações com o meio ambiente passaram a ser tratadas com mais seriedade.
A proteção ambiental vem introduzindo novos valores em pequenas parcelas da sociedade. Contudo, algumas organizações já estão preocupadas com que seus produtos sejam ecologicamente corretos e algumas pessoas têm tomado iniciativas que servem de exemplo para uma mudança do atual sistema de consumo exagerado e despreocupado com o futuro do planeta.
Em Taguatinga, Distrito Federal, vamos encontrar um artesão ecologicamente correto.
O nome dele é Virgílio Mota, baiano,55 anos de idade, que reside em Brasília há sete anos. Desde então, desenvolveu uma técnica de produção de móveis a partir de material reciclável,como papelão, sacos de cimento e madeira para confecção de suas obras. Já produziu cerca 112 peças, entre bancos, cadeiras e móveis em geral.
Em 2004, expôs alguns de seus móveis na Casa Cor Brasília, e atualmente faz parte de uma equipe que desenvolve trabalhos voluntários na instituição beneficente Casa Azul em Samambaia, Distrito Federal, ministrando oficinas, ensinando a arte com material reciclável.
Virgílio trabalha em parceria com Caroline Nóbrega em um ateliê em Taguatinga Norte, chamado “Espaço Tempo Eco Arte”, onde há uma infinidade de peças, papelão, madeira e outros materiais que, de alguma forma, serão aproveitados na produção e finalização de seus trabalhos.
Os dois artesãos acreditam estar fazendo a sua parte, mesmo diante de todas as dificuldades de apoio e patrocínio, mas têm consciência da grande importância de seus trabalhos para o bem do planeta.
Acreditam que todos devem buscar alternativas para aquilo que esteja ao seu alcance, apostando que pequenas mudanças geram grandes transformações.
Não cansam de ensinar nas oficinas que ministram que, através da consciência ecológica e da Educação Ambiental poderemos alcançar um futuro realmente digno para as próximas gerações.

Fontes:

Entrevista com o artista plástico Virgílio Mota, por telefone, realizada em 11.dez.2006.

AULETE, Caldas. Mini-dicionário contemporâneo da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.

Reciclagem: um tesouro no lixo. Caderno Cidades, Correio Braziliense, 26.nov.2006, p. 35-36.

Página: www.compam.com.br. Acesso em 11.dez.2006. Posted by Picasa

domingo, dezembro 10, 2006

As Armas Nucleares e o Réquiem de Brahms (vídeo)

O Acidente de Chernobyl, Ucrânia, abril/1986 (vídeo)

Linha de Produção, Estresse, Alienação (Tempos Modernos, Chaplin, 1936) (vídeo)

A Carta da Terra (tradução)


Valéria Viana Labrea é educadora.



A Carta da Terra

Valores e Princípios para um Futuro Sustentável

(Tradução: Valéria Viana Labrea)

A Carta da Terra é uma declaração de princípios fundamentais para a construção de uma sociedade global no Século XXI que seja justa, sustentável e pacífica.
Ela procura inspirar em todos os povos um novo sentido de interdependência e de responsabilidade compartilhada para o bem-estar da família humana e do mundo em geral.
É uma expressão de esperança e um chamado para contribuir para a criação de uma sociedade global no âmbito de uma conjuntura histórico-crítica.
A visão ética inclusiva do documento reconhece que a proteção ambiental, os direitos humanos, o desenvolvimento humano eqüitativo e a paz, são interdependentes e indivisíveis.
Essa compreensão fornece um novo marco com relação a maneira de pensar sobre estes temas e de como abordá-los. O resultado também inclui um conceito mais amplo sobre o que é o desenvolvimento sustentável.

Por que a Carta da Terra é importante?
Estamos em um momento no qual é necessário mudanças em relação a nossa maneira de pensar sobre os nossos valores e escolher um caminho melhor. Há um chamado para a procura de um terreno comum no meio da nossa diversidade e para que acolhamos uma nova visão ética que está sendo compartilhada por uma quantidade crescente de pessoas em muitas nações e culturas ao redor do mundo.

Qual é a origem e a história da Carta da Terra?
Em 1987, a Comissão Mundial das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento fez um chamado para a criação de uma carta que tivesse os princípios fundamentais para o desenvolvimento sustentável.
A redação da Carta da Terra foi um dos assuntos não concluídos da Cúpula da Terra no Rio em 1992. Em 1994 Maurice Strong, Secretário Geral da Cúpula da Terra e Presidente do Conselho da Terra, e Mikhail Gorbachev, Presidente da Cruz Verde Internacional, lançaram uma nova Iniciativa da Carta da Terra com o apoio do Governo dos Países Baixos. A Comissão da Carta da Terra foi formada em 1997 para supervisionar o projeto e estabeleceu-se a Secretaria da Carta da Terra no Conselho da Terra na Costa Rica.

Como foi o processo de criação da Carta da Terra?
A Carta da Terra é o resultado de um processo dialógico intercultural de mais de uma década, realizado em nível mundial. A redação da Carta da Terra envolveu uma consulta aberta e participativa como jamais havia sido realizada em um outro documento internacional. Milhares de pessoas e centenas de organizações de todas as regiões do mundo, diferentes culturas e diversos setores da sociedade participaram da construção deste importante documento. A Carta foi moldada tanto por expertos como por representantes das comunidades de base. É um tratado dos povos que estabelece uma série de esperanças e aspirações importantes para a sociedade global emergente.

Quem escreveu a Carta da Terra?
Em 1997, a Comissão da Carta da Terra formou um comitê redator internacional. Este comitê ajudou a conduzir o processo internacional de consulta. A evolução e o desenvolvimento do documento reflete o progresso de um diálogo mundial sobre a Carta da Terra, começando com o rascunho de referência, que foi editado pela Comissão imediatamente depois do Fórum do Rio + 5 no Rio de Janeiro, e circularam internacionalmente como parte do processo de consulta. A versão final da Carta foi aprovada pela Comissão na reunião celebrada no escritório da UNESCO em Paris em março de 2000.

O que deu forma à Carta da Terra?
Paralelamente ao processo de consulta da Carta da Terra, os aspectos mais importantes que influenciaram e deram forma à Carta da Terra foram a ciência contemporânea, o direito internacional, a sabedoria das grandes tradições filosóficas e religiosas do mundo, as declarações e relatórios das sete conferências das Nações Unidas realizadas nos anos noventa, o movimento ético mundial, grande número de declarações governamentais e tratados dos povos que saíram à luz pública durante os últimos trinta anos, assim como os melhores exemplos práticos para criar comunidades sustentáveis.

Qual é a missão da Iniciativa Internacional da Carta da Terra?
Com o lançamento oficial da Carta da Terra no Palácio da Paz em Haia, no dia 29 de junho de 2000, iniciou-se uma nova fase para a Iniciativa.
A Missão da Iniciativa é estabelecer uma base ética sólida para a sociedade civil emergente e ajudar na construção de um mundo sustentável baseado no respeito à natureza, aos direitos humanos universais, à justiça econômica e a uma cultura de paz.

Quais são as metas da Iniciativa da Carta da Terra?
Promover a disseminação, o aval e a implementação da Carta da Terra na sociedade civil, no setor de negócios e nos governos. Promover e apoiar o uso educativo da Carta da Terra. Procurar o respaldo à Carta da Terra por parte das Nações Unidas.

Fonte: www.cartadelatierra.com.br Posted by Picasa

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Alteração do comportamento animal na cidade (vídeo)

Parque Nacional de Yellowstone, o primeiro parque nacional do mundo (vídeo)

Forumzinho Social Mundial - 2002, Porto Alegre, RS


Valéria Viana Labrea é educadora.



Forumzinho Social Mundial – 2002, Porto Alegre, RS

Por

Valéria Viana Labrea

Páginas pessoais:

www.forumzinnho.org.br
www.cartadaterra.com.br





O FUTURO DO PLANETA


A realização do Fórum Social Mundial, em janeiro de 2001 na cidade de Porto Alegre, nos trouxe a possibilidade de novas formas de pensar o mundo e as relações humanas, trocar idéias e conhecimentos, conviver respeitosamente com diferenças culturais e ideológicas na busca de um mundo com igualdade de direitos e responsabilidade social, cristalizando a idéia de que pessoas e entidades no mundo inteiro acreditam que um outro mundo é possível.
Assim, considerando que os herdeiros dessa nova realidade que se propõe são as crianças de hoje e que, cada vez mais, somos chamados a participar da construção da sociedade em que vivemos, parece oportuno que as crianças sejam também chamadas a dizerem o que pensam e o que sentem em relação ao mundo, às relações humanas, ao ambiente que as cerca, ou seja, sejam chamadas também a participar da construção do mundo que queremos.
Essa idéia surgiu e se desenvolveu a partir da fala de uma menina de sete anos,que disse durante o Fórum Social Mundial 2001: Tinha que ter pra criança.
A partir daí vem a proposta que segue.

OBJETIVO

Convidar crianças a se mobilizarem e organizarem em diversas partes do mundo, em torno da construção de um futuro melhor, vivenciando o debate, a troca de experiências e a consciência gerada a partir desse encontro; retornando a seus lares enriquecidos por essa vivência e capazes de partilhar os conhecimentos e sentimentos vividos.
Permitir que as crianças participem efetivamente da construção de um outro mundo possível, numa forma de organização que lhes é própria, sem linhas de pensamento, divisões étnicas, econômicas e geográficas ou movimentos organizados de luta. Crianças unidas na pura e simples troca de experiências, com possibilidade de manifestarem suas idéias por si mesmas.
Mais que uma extensão ou atração especial do Fórum Social Mundial, o Forumzinho deve, por definição, servir como instrumento de promoção da vida e dos cidadãos e zelar pela liberdade de expressão das crianças, incluindo o direito de procurar, receber e divulgar informações e idéias conforme sua vontade.

QUEM PARTICIPA

Crianças enviadas por instituições e/ou entidades nacionais e internacionais;
Crianças acompanhantes de participantes do Fórum Social Mundial (filhos, alunos...);
Qualquer criança interessada desde que autorizada por seus pais ou responsáveis.


CARTA DE PRINCÍPIOS

1. O Forumzinho é um instrumento destinado à crianças e adolescentes (até 14 anos) e que tem por objetivo a valorização da Vida, do Meio Ambiente, da Igualdade entre pessoas e da Solidariedade entre os Povos.
2. A participação das crianças é livre e determinada pela sua vontade e a de seus responsáveis legais.
3. As crianças-participantes tem liberdade de expressar suas próprias opiniões, não limitando-se a reproduzir idéias das entidades da qual participam ou a que seus pais estão vinculados.
4. Após o encontro, as crianças-participantes devem ter total liberdade para relatar a experiência vivida conforme sua vontade, não devendo ser no entanto, consideradas como correspondentes de uma determinada entidade ou instituição.
5. As crianças poderão continuar se reunindo após o encontro, ou programar reuniões semelhantes, se isso for de sua vontade, não constituindo, no entanto, qualquer compromisso ou obrigatoriedade junto ao Forumzinho Social Mundial.
6. As crianças-participantes poderão continuar participando do processo do Fórum Social Mundial sem constituir, com isso, qualquer obrigatoriedade. O objetivo do encontro é a participação das crianças na construção de um novo mundo, mas O Forumzinho não pode, em hipótese, alguma ser considerado como formador de novos agentes de luta ou fomentador de qualquer tipo de atividade subversiva.
7. As crianças tem total liberdade para trocar informações e manifestar suas opiniões, não devendo sob qualquer pretexto,ser induzidas a emitir declarações, no âmbito do Fórum ou à imprensa, ou a ler textos e fazer pronunciamentos que não tenham sido elaborados por elas mesmas. Sob hipótese alguma será aceita a leitura de textos prontos, seja no âmbito do Forumzinho ou para a imprensa.
8. Ainda que o evento possa ser filmado, gravado ou fotografado, a imagem das crianças-participantes deve ser preservada e não pode ser induzida ou utilizada como instrumento de propaganda de qualquer espécie, seja com fins políticos, ideológicos ou comerciais, à exceção de material de divulgação e promoção do evento em si e da participação das entidades promotoras, ainda assim sem caracterizar engajamento político-ideológico dos participantes.
9. Todas as pessoas legalmente maiores de idade participantes do evento, responsáveis legais, responsáveis por entidades e instituições promotoras, apoiadoras e patrocinadoras, trabalhadores, voluntários e colaboradores, devem reconhecer como legítimos os Princípios Básicos para a realização do Forumzinho Social Mundial.
10. Serão aceitos como parceiros do Forumzinho atividades semelhantes situadas em momentos ou espaços geográficos diferentes, desde que em consonância com os princípios básicos aqui expressos e nunca em oposição a qualquer um dos mesmos.

OFICINAS


As oficinas têm o objetivo geral, através de práticas lúdicas e educacionais - arte-educação - que se utilizam de diferentes linguagens - verbal, musical, gráfica, plástica, corporal, etc. - problematizar a necessidade de valores gerais que definam um posicionamento em relação à dignidade da pessoa, ao respeito pela vida humana e pela Terra, à igualdade de direitos, à participação e à co-responsabilidade de trabalhar pela efetivação do direito de todos à qualificação da cidadania. As oficinas serão um convite à criança para que ela possa brincando produzir, expressar, comunicar, interpretar, problematizar idéias, conhecendo seu lugar no mundo e o lugar do outro.
Teremos dois eixos principais que devem nortear o trabalho desenvolvido no FORUMzinho:
- Meio Ambiente:
Educação ambiental: a natureza; sociedade e Meio Ambiente; conservação ambiental.
Consumo: consumo, Meio Ambiente e saúde; meios de comunicação de massas, publicidade e vendas.
Autoconhecimento para autocuidado: eu comigo mesmo, eu e o outro, eu e meu ambiente.
Educação alimentar.

- Pluralidade cultural:
Ética: dignidade da vida humana; respeito mútuo; solidariedade; diálogo.
Justiça:direitos da criança; inclusão social.
O ser humano como produtor de cultura e conhecimento: diversidade cultural; tolerância e respeito às diferenças culturais; crenças e etnias.

Agenda Ambiental na Administração Pública (animação)

A História Natural da Espécie Humana

A História Natural da Espécie Humana


Por

Anelise Martins da Silva,
Fernanda Aléssio Oliveto,
Israel Marcelo de Souza,
Jair Maron Machado de Freitas e
Paccelli José Maracci Zahler

(Alunos do Curso de Especialização em Educação Ambiental - 2006 do SENAC/DF e integrantes do Grupo Gaia)




“O século das luzes inscreve o homem no quadro das espécies animais, mas descobre no mesmo momento que a história natural da espécie humana é, ao mesmo tempo, uma história cultural”.

Gusdorf (1977)



A história da humanidade escreve-se de maneiras diversas, sob o jugo de diferentes processos culturais por que passa a sociedade. Desse modo, o conceito de natureza tem um significado diferente para cada povo. São leituras distintas da realidade, que vão definir paradigmas e direcionar o pensamento das gerações atuais e futuras.

GONÇALVES (2000) afirma ser a natureza dominada "o símbolo do progresso da civilização. Daí a cidade, e não o mundo rural, aparecer como indicador do desenvolvimento". Diante disso, vemos que o homem arvora-se como criador, não apenas planejando e refazendo o espaço, mas projetando novos. Mas, em relação à natureza, o homem tem seu poder reduzido. Ele pode dominar, modificar e destruir, mas não está nas suas mãos a possibilidade de criar. Ambos – homens e natureza – coexistem, e tal coexistência passa por momentos de equilíbrio e outros de intensas crises, numa luta de interesses incutida, fundamentalmente, pelo viés capitalista.

O domínio do homem sobre a natureza foi representado alegoricamente por meio do mito de Prometeu, que, tendo roubado dos deuses o segredo do fogo, revelou-o aos homens, sendo cruelmente castigado. À luz do Renascimento e da razão, o mito é explicado como uma representação do controle humano sobre a natureza. Para PENSAVENTO (1997), "é somente com o amadurecer do processo capitalista em curso que a tecnologia apresentará o seu caráter de domínio não só sobre a natureza, mas também de controle social, dos homens sobre os seus semelhantes".

Ao analisar-se a afirmação de Gusdorf ("O século das luzes inscreve o homem no quadro das espécies animais, mas descobre no mesmo momento que a história natural da espécie humana é, ao mesmo tempo, uma história cultural.") vê-se a questão do homem como animal (homo sapiens) cuja trajetória sobre o planeta dá-se sob o paradigma antropocêntrico e dominador. De acordo com GADOTTI (sem data), a tradição positivista de só aceitar o observável, os fatos, as coisas, trouxe problemas para as ciências humanas, cujo objeto não é tão observável quanto o objeto das ciências naturais. Com a fragmentação do saber, aparece o especialista e as fronteiras entre as disciplinas se alargam. Verifica-se que a história cultural do homem nada mais é que "a soma dos conhecimentos acumulados e transmitidos através das gerações” (AULETE, 2004).

Tais conhecimentos tiveram, a partir das contribuições dos filósofos gregos e romanos, como característica marcante a separação homem-natureza, constituindo-se no centro do pensamento moderno e contemporâneo a partir de Descartes (GONÇALVES, 1990). Daí em diante, nossa visão tornou-se fragmentada e as soluções foram entregues a repartições independentes, sem relação entre si. Como bem exemplifica CONTI (1986), os riscos de explosão competem à associação nacional de controle das combustões; as condições de trabalho aos inspetores de trabalho; os riscos de incêndio e detecção de gases tóxicos, ao corpo de bombeiros.

Nos anos 60 a situação começa a mudar. A idéia de "progresso"passa a ser questionada. Nesse contexto, surge o ambientalismo que, nas palavras de GONÇALVES (2000), "é o único movimento social que, nascido numa época de tantas fragmentações e individualismos, nos convida a pensar o todo". Ele passa a colocar para todos o debate sobre a relação da humanidade com o planeta, a relação das sociedades com a natureza. Questiona sobre a capacidade de suporte do planeta diante das exigências de uma produção de bens materiais que já teria chegado aos seus limites, ainda que com somente uma parte restrita da humanidade participando plenamente do banquete.

O ambientalismo trouxe um forte componente de generosidade e solidariedade social. E ele vem com a intenção de mudar a história cultural, através de um movimento social que, nascido numa época de tantas fragmentações e individualismos, nos convida a pensar o todo. Fala do destino do planeta, dos destinos da humanidade e convida-nos a refletir a respeito do modelo de desenvolvimento.

É a questão ambiental que está em jogo, e é o que vai fazer a espécie humana pensar em sua história cultural e ver o que a mesma está causando, e se questionar: Que destinos dar à natureza, à nossa própria natureza de humanos? Qual o sentido da vida? Quais os limites da relação da humanidade com o planeta? O que fazer com o nosso antropocentrismo quando olhamos do espaço o nosso planeta e vemos o quão pequeno ele é, e nós uma das espécies, entre tantas?

A história cultural baseia-se na perversa desigualdade social gerada pelo sistema selvagem, que faz dos 20% mais ricos do mundo consumir aproximadamente 80% dos recursos naturais do planeta. Em função disso, criamos uma história social cheia de conflitos e tensões e cada vez mais a desigualdade e fragmentação nos conduzem a relações verticais, hierarquizadas, cujo poder midiático toma conta, condicionando-nos e recriando a nossa realidade cultural, tornando-nos cada vez mais "virtualizados" ao invés de enraizados uns com os outros, possibilitando ao império ideológico sua sucessividade.

De acordo com BOFF (1993), as soluções sugeridas para a crise ambiental contemporânea são míopes (conservacionismos, ambientalismos) e não questionam o modelo de sociedade, os paradigmas de desenvolvimento e consumo, principais causadores da crise ecológica mundial.

Conclui-se que, considerando a história cultural como um caminho, este pode ter sido um caminho errado, a partir do momento que o homem se distanciou da natureza e tentou dominá-la. Cabe à humanidade reencontrar o fio da meada e sair do labirinto da crise ambiental que ajudou a erguer. Seus próximos passos definirão o presente e determinarão o tipo de vida que será legado às gerações vindouras.


Bibliografia

AULETE, Caldas. Minidicionário contemporâneo da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.

BOFF, Leonardo. Ecologia: um novo paradigma. In: Ecologia, mundialização e espiritualização. São Paulo: Editora Ática, 1993.

CONTI, Laura. Ecologia: capital, trabalho e ambiente. São Paulo: HUCITEC, 1986.

GADOTTI, Moacir. Interdisciplinaridade: atitude e método. Instituto Paulo Freire, Universidade de São Paulo. Sem data. Disponível em: http://www.paulofreire.org/Moacir_Gadotti??/Artigos/Portugues/Filosofia_da_Educacao??/Interdisci_Atitude_Metodo_1999??.pdf .Acesso em: 21 jul. 2006.

GONÇALVES, Carlos Walter Porto. O conceito de natureza não é natural. In: Os (des)caminhos do meio ambiente, Contexto, 1990.

GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Natureza e sociedade: elementos para uma ética da sustentabilidade. In: QUINTAS, José Silva (org.). Pensando e praticando a educação ambiental na gestão do meio ambiente. Brasília: Ibama, 2000.

PENSAVENTO, Sandra Jatahy. Exposições Universais: espetáculos da modernidade do século XIX. São Paulo: HUCITEC, 1997.

Testes de laboratório com animais, até quando? (video)

Cronologia da Consciência Ecológica (Século XX :1991-2000)

Cronologia da Consciência Ecológica (Século XX:1991-2000)

Às vésperas do Terceiro Milênio, o questionamento sobre a questão ambiental e o futuro do planeta aumentou.

1991

Durante a Guerra do Golfo Pérsico entre o Iraque e os EUA e seus aliados, 7 milhões de barris de petróleo foram jogados ao mar produzindo prejuízos e impactos ambientais incalculáveis à vida aquática, às aves e às comunidades do litoral atingido. Com o cessar fogo em 28.02.9l, foram incendiados 590 poços de petróleo de Kuwait, produzindo nuvens negras de fumaça que se alastraram por vários países da região.

1992

Realiza-se, no Rio de Janeiro, a Rio-92 (Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - UNCED), com a participação de 170 países, e secretariada por Maurice Strong, o mesmo da Conferência de Estocolmo, 20 anos atrás.

A Conferência Rio-92 ou Eco-92 apresenta como objetivos:

a) Examinar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas depois da Conferência de Estocolmo;

b) Identificar estratégias regionais e globais para ações apropriadas referentes às principais questões ambientais.

c) Recomendar medidas a serem tomadas em níveis nacional e internacional referentes à proteção ambiental através de política de desenvolvimento sustentado;

d)Promover o aperfeiçoamento da legislação ambiental internacional;

e)Examinar estratégias de promoção de desenvolvimento sustentado de eliminação da pobreza nos países em desenvolvimento, entre outros.

1993

Realizado em Istambul, Turquia, de 14 a 17 de abril, o I Congresso Internacional sobre Educação Populacional.


1994

Fechado o acordo para despoluir a Baía de Guanabara.

Início do programa Nacional de Gerenciamento Hídrico do Ibama.

Ratificada a participação do Brasil na Convenção da Biodiversidade com o aval da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

1995

Realizado o Seminário ECO-URB'S, durante a Exposição “Environtech”.

Em 5 de setembro, A França detona uma bomba nuclear a 20 quilômetros no Atol de Mururoa, no Pacífico Sul.

Realizada a IV Conferência da Organização das Nações Unidas sobre a Mulher, em Pequim, China,de 4 a 15 de setembro.

Realizada a Reunião de Avaliação das Mudanças Climáticas, promovida sob os auspícios da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Seminário de Especialistas sobre Direitos Territoriais dos Povos Indígenas, promovido pelo Centro de Direitos Humanos da ONU.

VII Encontro de Países Signatários do Protocolo de Montreal, que trata das substâncias que afetam a camada de ozônio.

1996

Conferência da ONU sobre Administração Pública e Meio Ambiente.

Assembléia Mundial de Cidades e Autoridades locais.

Encontro preparatório para o Habitat II.

Instalada a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança-CTNBio/MCT para discutir a liberação de produtos geneticamente modificados.

Fórum Paralelo das ONGs para preparação de documento a ser submetido à Cúpula das Cidades (Habitat II).

II Conferência de Assentamentos Humanos (Habitat 2), em Istambul, Turquia.

1997

Ocorre a Rio + 5, no Rio de Janeiro, em março.

De 7 a 10 de Outubro acontece a I Conferência Nacional de Educação Ambiental - ICNEA /Brasil, 20 anos de Tbilisi - Avaliação e Perspectivas.

Declaração de Brasília para a Educação Ambiental.

A Conferência de Thessalonique é realizado na Grécia, de 8 e 12 de dezembro de 1997.

Conferência Internacional Ambiente e Sociedade: Educação e Sensibilização do Público à Viabilidade.


1998

Realizada em Cuiabá, MT, entre 30 de novembro a 3 de dezembro de 1998, a Conferência Continental das Américas, com a participação de mais de 27 países,tendo como objetivo elaborar a proposta latino-americana da Carta da Terra e um Plano de Ação para o Movimento Ético Latino-Americano.

1999

O Presidente Fernando Henrique Cardoso sanciona, em 27de abril, a Lei sobre Educação Ambiental, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental.

A lei define os princípios básicos da Educação Ambiental com "o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo", "a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais" e "o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural".

2000

Prazo limite para as florestas tropicais serem exploradas de forma sustentável.


Fonte:

Amigos da Natureza: http://amigosdanatureza.net/especiais/linha_02.htm Acesso em 05.dez.2006.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Cronologia da Consciência Ecológica (Século XX:1981-1990)

Cronologia da Consciência Ecológica (Século XX:1981-1990)

A década de 1981-1990 foi marcada por acidentes ecológicos de grande monta, causando preocupação nos governantes e na população em geral sobre o futuro do planeta.

1981

De 25 a 31 de Março, realiza-se o Seminário sobre a Energia e Educação Ambiental na Europa, em Monte Carlo, Mônaco, promovido pelo Conselho Internacional de Associações de Ensino de Ciências - ICASE, com a participação de 17 países.

Em 3l de agosto, o Presidente João Figueiredo sanciona a Lei n.º 6.938, que dispunha sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Essa Lei constitui-se em um importante instrumento de amadurecimento e consolidação da política ambiental no País.

Lançado o primeiro número da revista internacional inglesa “The Environementalist”, destinada aos profissionais em Educação Ambiental.

Desencadeado pelo Governo Federal o desenvolvimento do Noroeste do Brasil, o Programa Polonoroeste, abrangendo Rondônia e áreas de Mato Grosso.

Em 2 anos são destruídos 2 milhões de hectares de florestas nativas e produzidos conflitos fundiários e sociais muito graves.

O Banco Mundial é acusado pela crítica internacional de ter financiado a maior catástrofe ambiental induzida dos nossos tempos.


1984

Em Versalhes,França, ocorre a I Conferência sobre o Meio Ambiente da Câmara do Comércio Internacional com o objetivo de estabelecer formas de colocar em prática o conceito de "desenvolvimento sustentado.

Em 3 de dezembro, em Bhopal, Índia, ocorre o mais grave acidente industrial do mundo, quando o gás methyl isocianato vaza da fábrica da Union Carbide, matando mais de 2 mil pessoas e ferindo outras 200 mil. Com esse acidente iniciou-se o período moderno da política ambiental.

1985

Em outubro,esteve no Brasil a Comissão Brundtland, que organizou audiências públicas em São Paulo e em Brasília, inclusive no Congresso Nacional.


1986

Em 23 de janeiro, o Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA aprova a Resolução 001/86 que estabelece as responsabilidades, os critérios básicos e diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental-AIA como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.

Em 26 de abril, um experimento mal conduzido, combinado com falhas de projeto, provoca a explosão do reator n.º 4 da Usina de Chernobyl, localizada a 129 km de Kiev, capital da República da Ucrânia, na ex-União Soviética.

A explosão deixa escapar de 60% a 80% do combustível atômico, segundo o físico soviético Vlademir Chernusenko (a versão oficial indicava 3%), mata de 7 a 10 mil pessoas (contra 31 da versão oficial) e afeta mais de 4 milhões de pessoas.

A explosão produziu uma nuvem radioativa que se propagou pelas repúblicas soviéticas e atingiu cinco países europeus. Os 38 mil moradores de Ripyat, localizada a 8 km da usina (hoje, cidade deserta) só foram retirados 36 horas depois do acidente.

O médico norte-americano Robert Gale, responsável pelo enxerto de medula óssea nas vítimas, estimou que entre 2 mil a 20 mil pessoas iriam morrer de câncer nos 50 anos seguintes em conseqüência das radiações emitidas. Sendo que 1/3 deveriam ocorrer na Europa.

Foi o maior acidente da história da energia nuclear.

Cinco anos depois, o então presidente Mihail Gorbachev, dirigiu um apelo solicitando ajuda internacional acentuando que “a humanidade está apenas começando a compreender plenamente a natureza global dos problemas sociais, médicos e psicólogos criados pela catástrofe”.

Em São Paulo, realiza-se o Seminário Internacional de Desenvolvimento Sustentado e Conservação de Regiões Estuarino-Lagunares, sendo lançado o alerta sobre a necessidade urgente de proteção dos manguezais.

Esses ecossistemas,um dos mais produtivos da Terra, vinham sendo destruídos por aterros (para fins imobiliários ou como depósito de lixo !) na costa brasileira.

1987

Em abril, divulga-se o relatório “Our Common Future” (Nosso Futuro Comum), trabalho da Comissão Mundial ou Comissão Brundland, sobre meio ambiente e desenvolvimento (outubro de 1984 a abril de 1987), presidida por Gro Harlem Brundtland, primeira ministra da Noruega.

Essa comissão, criada pela ONU como um organismo independente em 1983, teve como objetivo reexaminar os principais problemas do meio ambiente e do desenvolvimento em âmbito planetário e assegurar que o progresso humano seja sustentável por meio do desenvolvimento, sem comprometer os recursos ambientais para as futuras gerações.

O relatório trata de preocupações, desafios e esforços comuns como a busca do desenvolvimento sustentável; o papel da economia internacional; população, segurança alimentar, energia, indústria, desafio urbano e mudança institucional.

O Brasil foi representado pelo Professor Dr. Paulo Nogueira-Neto.

O relatório é considerado um dos documentos mais importantes da década e até os nosso dias constitui uma fonte de consulta obrigatória para quem lida com as questões ambientais e para os responsáveis pela tomada de decisões dos programas de desenvolvimento.

No Brasil, o relatório foi traduzido e publicado pela Editora da Fundação Getúlio Vargas em 1988.

Em setembro, uma cápsula de césio-137 é retirada a marretadas do interior de um equipamento médico de radioterapia, num ferro-velho, na rua 57 de Goiânia, em Goiás. Quatro pessoas morreram e dezenas foram contaminadas pela radiação.

A vida da cidade foi inteiramente transformada. Várias casas foram demolidas e os materiais contaminados foram colocados em tambores e depositados no município de Abadia de Goiás.

O acidente teve repercussões internacionais.

Assinado o Protocolo de Montreal, segundo o qual as nações deveriam tomar várias providências para evitar a destruição da camada de ozônio, dentre os quais, a redução progressiva até a supressão, no ano 2000, da fabricação e uso de produtos à base CFCs.


1988

Na Itália, associações ambientalistas internacionais divulgam um documento que aponta as pressões para o pagamento da dívida externa contraída pelos países do Terceiro Mundo como responsáveis por transformações drásticas na economia, na sociedade e no meio ambiente dos devedores.

A IUCN cataloga 4.500 espécies em extinção (plantas e animais).

De 25 a 28 de abril, especialistas da América Latina, a convite do governo venezuelano, com o apoio do ORPAL/PNUMA, reúnem-se em Caracas para discutir a Gestão Ambiental na América Latina e produzem a declaração que denuncia a necessidade de mudança do modelo de desenvolvimento adotado internacionalmente; a debilitação de estado pela dívida externa, e a degradação ambiental social.

Em 13 de julho, os 4,5 milhões de veículos automotores da cidade de São Paulo, responsáveis por 90% da poluição do ar, obrigam a Secretaria de Meio Ambiente e a CETESB a executar a Operação Alerta.

Cerca de 200 mil veículos deixam de circular no centro da cidade, após a campanha de coletivização e envolvimento da comunidade para enfrentar uma situação de alta degradação ambiental.

Em 5 de outubro é promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil, contendo um capítulo sobre o meio ambiente e vários outros artigos afins.

É considerada, na atualidade, uma constituição de vanguarda em relação à questão ambiental.

Em 22 de dezembro é assassinado em Xapuri, Acre, o líder sindical Francisco Mendes Filho (Chico Mendes) que, em 1987, fora homenageado com o Prêmio Global 500,outorgado pelo PNUMA a ecologistas e ativistas nas questões ambientais.

Esse reconhecimento internacional de sua luta pela preservação da selva contra o avanço destruidor dos exploradores, fez notícia do seu assassinato ser manchete em quase todo o mundo.

As pressões internacionais sobre a política ambiental brasileira tornam-se intensas.

1989

Em 22 de fevereiro,a Lei 7.735 cria o IBAMA, com a finalidade de formular, coordenar e executar a política nacional do meio ambiente. Compete-lhe a preservação, conservação, fomento e controle dos recursos naturais renováveis em todo o território federal; proteger bancos genéticos da flora e da fauna brasileiras, e estimular a Educação Ambiental nas suas diferentes formas.

O IBAMA foi formado pela fusão da SEMA, SUDEPE, SUDHEVEA e IBDF.

Em março, o navio petroleiro Exxon Valdez, da Exxon americana, colide com rochas e deixa vazar 42 mil toneladas de óleo cru no Alasca.

O vazamento produz uma mancha de 250 km que atingiu cerca de 1.700 km de costa marítima e provocou a morte de 34 mil aves, 980 lontras e um número incalculável de peixes e outros animais aquáticos.

A Exxon gastou um bilhão de dólares na limpeza da área, envolvendo onze mil homens, 1.400 barcos e 85 aviões em seis meses.

Em junho, a Sociedade Brasileira de Zoologia relaciona as 250 espécies animais em extinção no Brasil (eram sessenta espécies até 1973).

Estudos de técnicos do Banco mundial estimam em 12% a área devastada da Amazônia, mas, segundo o INPE, a área devastada por queimadas e desmatamentos até o final de 1988 seria de 9,3% (343.900 km).

Em 14 de junho, realizou-se em Campo Grande (MS), o I Congresso Internacional sobre a Conservação do Pantanal com o objetivo de estabelecer propostas para a compatibilização entre desenvolvimento e preservação daquele ecossistema.

Participaram 800 ambientalistas de vários países e representantes de WWF (Fundo Mundial para a Vida Silvestre) e o Instituto Max Planck (Alemanha).

O Pantanal, com seus 140.000 km2, estava então sob intensa depredação.

Representantes de 24 países formularam a Declaração de Haia onde se acentua que a cooperação internacional era indispensável para proteger o meio ambiente mundial.


1990

Em março, promovido pelo governo canadense, representantes de 50 países se reuniram em Vancouver para o Globe 90, quando discutem a política de preservação ambiental.

Em junho, durante a reunião anual da SBPC em Porto Alegre, é divulgada que a área destruída da Amazônia já atingia 404.000 km até 1989, segundo imagens do satélite Landast 8.

A Organização das Nações Unidas declara 1990 como Ano Internacional do Meio Ambiente.

Em outubro, em Genebra, promovida pela Organização Mundial de Meteorologia, aconteceu a Conferência Mundial sobre o Clima que discutiu a questão das alterações climáticas no mundo.


Em novembro, realiza-se em Limoges, França, a I Conferência Internacional de Direito Ambiental, com a participação de juristas de 43 países.


Fonte:

Amigos da Natureza:http://amigosdanatureza.net/especiais/linha_02.htm Acesso em 05.dez.2006.

Cronologia da Consciência Ecológica (Século XX:1961-1980)

Cronologia da Consciência Ecológica (Século XX:1961-1980)

Segundo alguns autores, o ano de 1960 marca o início de uma ruptura com o passado - a Pós-Modernidade.
A pós-modernidade se caracteriza pela descoberta de que existem incertezas no processo de conhecimento, onde as explicações científicas são parciais, não havendo uma versão única de progresso.
É um processo de reestruturação política, econômica e cultural.

1961

O presidente Jânio Quadros envia à Câmara dos Deputados um projeto de Lei declarando o pau-brasil "árvore símbolo do Brasil", e o ipê como "flor símbolo nacional".


1962

A jornalista Rachel Carson lança o livro “Silent Spring” (Primavera Silenciosa), que se torna um clássico na história do movimento ambientalista, desencadeando uma grande inquietação internacional sobre a perda de qualidade de vida.


1965

Albert Schweitzer (1875-1965) tornou popular a ética ambiental. É agraciado com o prêmio Nobel da Paz.

O movimento em "reverência por tudo vivo" delineia-se por todo o mundo.

1966

Em dezembro, a Assembléia Geral da ONU estabelece o Pacto Internacional sobre os Direitos Humanos.

1968

Em abril, um grupo de 30 especialistas de várias áreas (economistas, industriais, pedagogos, humanistas), liderados pelo industrial Arildo Peccei, passa a se reunir em Roma para discutir a crise atual e futura da humanidade, formando o Clube de Roma.

Em maio, estudantes protestam nas ruas de Paris, França.


1969

Na BBC de Londres, no “Reith Lectures”, apresentado por Sir Frank Fraser Darling (ecologista), o meio ambiente torna-se tópico debatido em shows, pronunciado por estrelas famosas do mundo artístico.

Nos Estados Unidos, Paul Ehrlich populariza o termo «Ecologia» como a palavra-chave nos debates sobre o meio ambiente.

A ONU e a União Internacional pela Preservação da Natureza definem o termo "preservação" como "o uso do meio ambiente a fim de alcançar a mais elevada qualidade de vida para a humanidade". O termo havia sido usado inicialmente para designar os "guardiões" das leis promulgadas na Idade Média para proteger o Rio Tâmisa, Londres(1720).

O homem pousa na Lua.

1970

Inicia-se o Projeto Carajás com a construção de 900 km de ferrovia na Região Amazônica, porém, ocorrem problemas ambientais.


1971

Cria-se a associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural AGAPAN.

Os países desenvolvidos, na Assembléia Geral da Nações Unidas, propõem que os recursos naturais do planeta sejam colocados sob a administração de um fundo mundial, o World Trust.

Apoiado por muitos políticos e cientistas, sai na Grã-Bretanha a publicação “A Blueprint for Survival” (Um programa de ação para a sobrevivência da Terra) documento holístico que propõe medidas para se obter um meio ambiente ecologicamente saudável.

O prefixo “eco” é introduzido na língua inglesa para compor novas expressões (ecoforming, ecobourse).

1972

De 5 a 16 de junho, na Suécia, representantes de 113 países participam da Conferência de Estocolmo/Conferencia da ONU sobre o Meio Ambiente Humano, atendendo à necessidade de estabelecer uma visão global e princípios comuns que servissem de inspiração e orientação à humanidade para a preservação e melhoria do ambiente humano.

A Conferência gera a Declaração sobre o Ambiente Humano, dando orientação aos governos. Além disso, estabeleceu o Plano de Ação Mundial e, em particular, recomenda que deveria ser estabelecido um programa internacional de Educação Ambiental com vistas a educar o cidadão comum, como primeiro passo que ele deve tomar para manejar e controlar seu meio ambiente.

A recomendação n.º 96 da Conferência reconhece o desenvolvimento da Educação ambiental como elemento crítico para combate à crise ambiental do mundo.

A primeira avaliação de impacto ambiental foi feita no Brasil para os grandes empreendimentos, financiada pelo Banco Mundial.

A construção da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, Bahia, é feita sob estudos dos impactos ambientais.

Sob a orientação de prof. Vasconcelos Sobrinho, é iniciada, na Universidade Federal Rural de Pernambuco, a Campanha Nacional para a Re-incorporação do Pau-Brasil ao nosso patrimônio ambiental.

Considerado extinto em 1920, graças a essa iniciativa, a espécie, foi largamente re-introduzida com a farta distribuição de mudas em todo o país.


1973

Em 30 de outubro, com o Decreto 73.030 da Presidência da República, é criada no âmbito do Ministério do Interior, a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA, primeiro organismo brasileiro, de ação nacional para a gestão integrada do meio ambiente.

O Prof. Paulo Nogueira Neto foi o titular da SEMA de 1974 a 1986, e deixou as bases das leis ambientais e estruturas que continuam, muitas delas, até hoje.

Estabelece o programa das estações ecológicas (pesquisa e preservação), a despeito da SEMA ter sido originariamente concebida como uma agência de controle de poluição.

Sua atuação leva-o a participar e dirigir muitas delegações oficiais brasileiras em encontros internacionais: recebe o prêmio Paul Getty, a mais alta honra mundial no campo da conservação da natureza; integra a Comissão Brundtland (Nosso Futuro Comum).

É considerado o mentor do movimento ambientalista brasileiro.

1974

Realiza-se em Haia, Holanda, o primeiro Congresso Internacional de Ecologia.É feito o primeiro alerta por organismos internacionais sobre a possibilidade da redução da camada de ozônio pelo uso dos CFCs.

1975

Criado pela UNESCO e PNUMA o Programa Internacional de Educação Ambiental - PIEA.

1976

Realiza-se de 1º a 9 de março, em Chosica, Peru, a Reunião Sub-Regional de Educação Ambiental para o ensino secundário.

Fica estabelecido, que a questão ambiental na América Latina está ligada às necessidades elementares de sobrevivência do homem e aos direitos humanos.


1977

Criação de cursos voltados à área ambiental em várias universidades brasileiras.

De 14 a 26 de outubro, em Tbilisi,Geórgia (ex-URSS), realiza-se a primeira conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, organizada pela UNESCO, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente(PNUMA). Foi um prolongamento da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972).

A Conferência de Tibilisi é o ponto culminante da primeira fase do Programa Internacional de Educação Ambiental, iniciando em 1975 pela UNESCO/PNUMA com atividades na África, Estados Árabes, Ásia, Europa e América Latina.

A Conferência constitui-se como ponto de partida de um Programa Internacional de Educação Ambiental, suas características e estratégias nos planos nacional e internacional.

É considerado um evento decisivo para os rumos da Educação Ambiental em todo o mundo.

1978

A Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul desenvolveu o Projeto Natureza (1978-1985).

Nos cursos de Engenharia Sanitária, inserem-se as matérias Saneamento Básico e Saneamento Ambiental.

1980

O historiador americano Lynn White Jr. propõe ao Papa que São Francisco seja reconhecido como o santo padroeiro da Ecologia. A sugestão é acolhida.

É interessante observar que Lynn White Jr. havia descrito o Cristianismo como a forma mais antropocêntrica da religião que o homem já vira.

A Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA) estima que 70 mil produtos químicos estavam sendo manufaturados só nos Estados Unidos, com cerca de mil novos produtos acrescentado a cada ano.

Fontes:

Amigos da Natureza: http://amigosdanatureza.net/especiais/linha_02.htm Acesso em 05.dez.2006.

SENAC. Natureza e sociedade na linha do tempo. Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.

Cronologia da Consciência Ecológica (Século XX:1901-1960)

Cronologia da Consciência Ecológica (Século XX:1901-1960)

No século XX, consolida-se a sociedade industrial, dominada pela racionalidade, pela idéia de progresso e de mudança, no sentido de ruptura com o passado.

1907

Gifford Pinchot usa a palavra “conservação” com enfoque utilitarista.

1908

O presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, promove a Conferência de Governadores, quando a “conservação” passa a ser tema na política americana e é introduzida nas escolas daquele país.


1909

Carlos Chagas descobre o Trypanosoma cruzi (mal de Chagas), doença que, dada as precárias condições de moradia dos brasileiros,faz muitas vítimas.

Theodore Rosevelt publica o livro “Through the Brazilian Wilderness” (Através das Selvas Brasileiras).

1920

O pau-brasil é considerado extinto.

O Presidente do Brasil, Epitácio Pessoa, observa que, dos países dotados de ricas florestas, o Brasil é o único a não possuir um código florestal.


1934

O Decreto 23.793 transforma em Lei o anteprojeto do Código Florestal de 1931.

É criada a primeira unidade de conservação do Brasil, o Parque Nacional de Itatiaia.

Realiza-se no Museu Nacional a 1a. Conferência Brasileira de Proteção à Natureza.


1939

Em 10 de janeiro,é criado o Parque Nacional do Iguaçu pelo Decreto nº 1.035/39.


1949

Aldo Leopoldo, biólogo de Iowa, EUA, escreve “The Land Ethic” (A Ética da terra) para o periódico “A Sand County Almanac”.

Os trabalhos de Aldo Leopoldo são considerados como a fonte mais importante do moderno biocentrismo ou ética holistica.

René Dubois considerou-os como os escritos sagrados do movimento conservacionista americano.

Aldo Leopoldo é o patrono do movimento ambientalista e “The Enslavement of the Earth” (A escravização da Terra) é um dos seus escritos mais citados.


1952

O ar densamente poluído de Londres (“smog”, mistura de neblina e fumaça) provoca a morte de 1.600 pessoas, desencadeando o processo de conscientização a respeito da qualidade ambiental na Inglaterra.

1956

O Parlamento Inglês aprova a Lei do Ar Puro.


1958

É criada a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza - FBCN.


Fontes:

Amigos da Natureza: : http://amigosdanatureza.net/especiais/linha_02.htm Acesso em 05.dez.2006.

SENAC. Natureza e sociedade na linha do tempo. Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.

Cronologia da Consciência Ecológica (Século XIX)

Cronologia da Consciência Ecológica (Século XIX)

No século XIX, o conhecimento científico tornou-se o meio quase exclusivo de compreensão do mundo.
As inovações oriundas dos avanços em todas as áreas do conhecimento propiciaram o surgimento da Revolução Industrial, caracterizada como a passagem de um sistema técnico, baseado no trabalho dos artesãos, para um sistema apoiado na indústria, originando o sistema capitalista.
Os países colonizadores redirecionaram a política de exploração e extração simples dos recursos naturais para uma política de formação de um mercado consumidor para seus produtos.
O progresso técnico passou a ser visto como elemento fundamental da civilização do Ocidente e a natureza deveria seguir o ritmo da produção, não o contrário.

1822

José Bonifácio de Andrade e Silva (o Patriarca da Independência), como Ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros, e como político de visão, revela-se também um naturalista. A ele são atribuidas as primeiras observações de cunho ecológico feitas por um brasileiro no país.

1827

Carta de Lei de Outubro, do Império, delega poderes aos juizes-de-paz das províncias para a fiscalização das matas.

1830

São publicados os primeiros resultados de pesquisas químicas sobre a produção de substâncias não-naturais como os fertilizantes.

1849

Henry Wallace Bates percorre a Amazônia e recolhe 8 mil espécies de plantas e animais. A sua coleção, levada para a Inglaterra, subsidia Charles Darwin nos seus estudos. Bates foi o naturalista estrangeiro que permaneceu mais tempo nos trópicos (1849-1859).

1850

D. Pedro II edita a Lei 601, proibindo a exploração florestal em terras descobertas e dando poderes às Províncias, para sua aplicação. Na época, a lei é ignorada e verifica-se uma grande devastação de florestas (desmatamento pelo fogo) para a instalação de monocultura (café) para alimentar as exportações brasileiras.

1859

Lançado o livro “A Origem das Espécies” de Charles Darwin.

1863

Thomas Huxley no seu ensaio “Evidence as to Man's Place in Nature” (Evidência da Posição Ocupada pelo Homem na Natureza) trata da interdependência entre os seres humanos e os demais seres vivos.

Eugene Warming, botânico dinamarquês, desenvolve, em Lagoa Santa-MG, estudos do ambiente do Cerrado, que são publicados em 1892. São os trabalhos precursores para o primeiro livro sobre ecologia (1895), de sua autoria.

1864

George Perkin Marsh, (180l-1882) diplomata americano, publica o livro ”Man and /or Physical Geography by Human Action” (O Homem e/ou a Geografia Física sob a Ação Humana), considerado o primeiro exame detalhado da erosão da natureza provocado pelo homem.
Marsh documenta como os recursos do planeta estavam sendo reduzidas e prevê que tal exploração não continuaria sem exaurir, inevitavelmente, a generosidade da natureza ; analisa os custos do declínio de civilizações antigas e prevê um destino semelhante para as civilizações modernas, se não houver mudanças.

1869

O biólogo alemão Ernest Haeckel (1834-1919) propõe o vocábulo "ecologia " para os estudos das relações entre as espécies e o seu meio ambiente.
Já em 1866 este biólogo sugere, em sua obra “Morfologia Geral dos Organismos”, a criação de uma nova disciplina para estudar tais relações.

Inspirado no livro de Marsh (1864), nos Estados Unidos o primeiro parque nacional do mundo, o “Yellowstone National Park”.

No Brasil, a Princesa Isabel autoriza a operação da primeira empresa privada especializada em corte de madeira.

1875

O ciclo econômico do pau-brasil encerra-se com o abandono das matas exauridas.

1876

André Rebouças sugere a criação de parques nacionais na Ilha do Bananal e em Sete Quedas.

1889

Patrick Greddes(1854-1893), escocês, enfatiza que "uma criança, em contato com a realidade do seu ambiente, não só aprende melhor, mas também desenvolve atitudes criativas em relação ao mundo a sua volta" no livro “A Compreensão do que é Educação Ambiental” ( “Insigth into Environmental Education”). Greddes é considerado o pai da Educação Ambiental


1891

A Constituição Brasileira promulgada nesse ano não trata de qualquer questão ligada à preservação da fauna e da flora.

Pelo Decreto 8.843 é criada, no Acre, uma reserva florestal com aproximadamente 2,8 milhões de hectares que não foi implantada.

1896

É criado o primeiro parque no Brasil, o Parque Estadual da Cidade de São Paulo.


No final do século XIX, as críticas ao modo industrial de exploração deram origem ao que hoje se chama Ecologia.

Fontes:

Amigos da Natureza: : http://amigosdanatureza.net/especiais/linha_02.htm Acesso em 05.dez.2006.

SENAC. Natureza e sociedade na linha do tempo. Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.

Cronologia da Consciência Ecológica (Séculos XVII e XVIII)

Cronologia da Consciência Ecológica (Séculos XVII e XVIII)

Ocorre uma forte reação às crenças religiosas que caracterizaram a Idade Média, privilegiando o conhecimento do mundo como produto da razão, da dedução intelectual e da realização de experiências científicas.
O ponto de vista antropocêntrico, onde o homem era o modelo do mundo, passou a influenciar a ciência.
O homem era um ser fora da natureza e poderia dominá-la.
A descoberta de Galileu Galilei (1564-1642) de que a Terra não era o centro do universo permitiu que os cientistas desenvolvessem uma explicação lógica do funcionamento do universo à imagem de uma máquina, cujas engrenagens funcionavam e perfeita sintonia (visão mecanicista).
René Descartes (1596-1650), no livro "Discurso do Método", apresentou a idéia de que a natureza existia para servir ao ser humano e que ele poderia dominá-la através da ciência:

"(...) é possível chegar a conhecimentos que sejam úteis à vida, e que (...) se pode encontrar uma Filosofia prática, pela qual, conhecendo a força e as ações do fogo, da água, do ar, dos astros, dos céus e de todos os outros corpos que nos cercam, tão distintamente como conhecemos os diversos misteres de nossos artífices, poderíamos empregá-los da mesma maneira em todos os usos para os quais são adequados, e, assim, tornar-nos como senhores e possuidores da natureza".

Fontes:

DESCARTES, René. Discurso do método. Brasília:Edunb, 1998.

SENAC. Natureza e sociedade na linha do tempo.Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal. 2006.

Cronologia da Consciência Ecológica (da Antiguidade ao Século XVI)

Cronologia da Consciência Ecológica (da Antiguidade ao Século XVI)

Reportando-nos à História, podemos observar um aumento da preocupação do homem com o meio em que vive.
Em um primeiro momento, o homem convivia em harmonia com a Natureza e procurava respeitar os seus ciclos.
Nas sociedades nômades e coletoras, a idéia de natureza tinha um caráter sagrado, onde todos os seres vivos pertenciam ao mesmo mundo, não havendo separação entre espírito e matéria e entra a natureza animada e inanimada.
Posteriormente,com o surgimento das civilizações greco-romanas, houve uma separação do homem e da Natureza.
Os recursos naturais passaram a ser vistos como fonte de matérias-primas para a satisfação das necessidades humanas.Isso se deu principalmente com a incorporação da filosofia grega à tradição judaico-cristã.

A cronologia não exaustiva, hora apresentada, pretende retratar a evolução da consciência ecológica e, para facilitar a sua compreensão, será apresentada por etapas.

Há cerca de 2 milhões de anos, a espécie humana começou a se estabelecer no planeta, começando a interferir nos processos naturais, a partir da sua fixação, crescimento e posterior expansão para várias regiões.

As sociedades humanas foram capazes de transformar as paisagens e domesticar alguns dos elementos naturais, criando paisagens artificiais que, com o passar do tempo foram naturalizadas (SENAC, 2006).

8.000 a 5.000 a.C.

O homem conseguiu controlar o uso do fogo e aprendeu a transformar argila em cerâmica. Depois, passou a fundir os metais encontrados na natureza e a utilizá-los como ferramentas mais resistentes e eficientes para a realização de tarefas que asseguravam a sua sobrevivência.
Houve o desenvolvimento da agricultura e a domesticação dos animais para criação.


707 a.C.

Segundo Frank Egerton, citado por ACOT (1990), a ecologia das populações surgiu ao redor do ano 707 a.C., embora existam controvérsias.

Alguns autores atribuem a Aristóteles o início de uma teoria da ecologia, pois, com seu tratado "História dos Animais", expôs os diferentes modos de vida dos animais, incluindo um recenseamento ordenado de observações.
Escreveu Aristóteles: " Os animais estão em guerra uns com os outros quando ocupam os mesmos lugares e quando, para viver, utilizam os mesmos recursos", descrevendo uma idéia de competição intra-específica.

Na Bíblia, pode ser encontrada a seguinte citação: -"Eis que a Assíria era o cedro do Líbano, de lindos ramos, de sombrosa folhagem, de grande estatura, cujo topo estava entre ramos espessos...Por isso, se elevou a sua estatura sobre todas as árvores do campo, e se alongaram as suas varas, pois ele tinha água suficiente para o seu crescimento. Todas as aves do céu se aninhavam nos seus ramos, todos os animais do campo geravam debaixo da sua fronde, e todos os grandes povos se assentavam a sua sombra. Agora, todos os povos da terra se retiram de sua sombra e a deixaram. Todas as aves do céu habitarão na sua ruína, e todos os animais do campo se acolherão sob os seus ramos."

Estudos arqueológicos indicam que onde hoje estão localizados os grandes desertos do Oriente Médio e da África havia uma exuberante floresta tropical, a qual foi sendo derrubada sem nenhum controle para a construção de templos e teatros. O manejo inadequado expôs o solo a erosão, reduzindo a sua fertilidade. Houve rompimento do ciclo hidrológico e a água outrora abundante começou a faltar.

A baixa fertilidade e a desertificação dos solos foram responsáveis pelo declínio das grandes civilizações da Mesopotâmia, Pérsia, Grécia e Roma.O mesmo aconteceu com os maias na América Central.

Depois de Cristo

1500

Em 22 de abril, chegaram os portugueses ao litoral brasileiro. Cerca de 1.100 homens em doze navios. Desembarcaram dia 23 e foram gentilmente recebidos pelos índios.
No dia 1º de maio, para realizar a Primeira Missa, é erguida um gigantesca cruz de madeira em uma clareira, prenúncio da devastação das florestas, através da exploração predatória.
Os indígenas foram levados a participar do culto, iniciando sua aculturação pelos colonizadores europeus e, conseqüentemente, da sua quase eliminação (dos 4 milhões de silvícolas brasileiros restaram apenas 200 mil).
No dia 2 de maio, Gaspar de Lemos volta a Portugal levando a carta de Pero Vaz de Caminha, que revela a Dom Manuel I, rei de Portugal, a exuberância da nova terra. São levados também exemplares da flora (toras de pau-brasil) e da fauna (papagaios).

1505

Fernando de Noronha inicia a comercialização do pau-brasil, que viria a ser um monopólio da coroa portuguesa. Em seguida, participaram a Inglaterra, a França, a Espanha e a Holanda. Atualmente, dos 200 km da Mata Atlântica originais, restam apenas 10 mil km (5%), ainda ameaçados.

1542

A primeira Carta Régia do Brasil estabelece normas disciplinares para o corte de madeira e determina punições para os abusos que vinham sendo cometidos.

1557

É publicado na Alemanha, o livro de Hans Staden,"Viagem ao Brasil", que descreve sua viagem pelo Brasil e responsabiliza os índios brasileiros pela devastação da natureza, citando os manejos adotados - derrubada da mata, uso do fogo, práticas agrícolas, de caça, de pesca.

Fontes:

ACOT, Pascal. História da ecologia. Rio de Janeiro:Campus, 1990.

SENAC. Natureza e sociedade na linha do tempo. Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.

ZAHLER, Paccelli José Maracci. Meio ambiente e reforma agrária:questões para discussão.Londrina:Casa do Mago das Letras, 2002. Disponível em: http://www.geocities.com/paccelli

Amigos da Natureza: http://amigosdanatureza.net/especiais/linha_02.htm Acesso em 05.dez.2006.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Um pouco de história da relação homem-natureza



Paccelli José Maracci Zahler é engenheiro agrônomo e ecólogo.

Página pessoal: http://www.geocities.com/paccelli

“No mundo ocidental, a visão de que a natureza era uma fonte de recursos foi fundamental para o desenvolvimento capitalista”

Por Paccelli José Maracci Zahler

O conceito de natureza foi sendo construído ao longo da evolução da sociedade e teve diferentes significados.
Nas sociedades nômades e coletoras, a natureza era sagrada, não havia separação entre espírito e matéria e todos os seres vivos pertenciam ao mesmo mundo.
Na Grécia Antiga, os filósofos pré-socráticos utilizavam a palavra “physis” para designar a totalidade de tudo o que é ou, como dizia de Tales de Mileto, tudo está cheio de misteriosas forças vivas que habitam a “physis”; a distinção entre a natureza animada e inanimada não tem fundamento, já que tudo tem alma.
A visão dos filósofos pré-socráticos guarda certa semelhança com o conceito de “Tao" dos chineses do século IV a.C., conforme as palavras de Lao-Tsé no Poema I do livro “Tao Te Ching, o Livro que Revela Deus”:
O Insondável (Tao) que não se pode sondar, não é o verdadeiro Insondável.
O Inconcebível que se pode conceber, não indica o Inconcebível.[...]
Ser e Existir são a Realidade total.
A diferença entre Ser e Existir é apenas de nomes.

Tanto os filósofos pré-socráticos quanto Lao-Tsé, no seu tempo e na sua cultura, viam a natureza como uma unidade.
No apogeu da civilização grega, Sócrates, Platão e Aristóteles influenciam a mudança do conceito de natureza, com a desqualificação dos filósofos pré-socráticos e a valorização do homem e suas idéias. Nesse período, começa a separação do homem e da natureza.
A incorporação da filosofia grega pela tradição judaico-cristã deu origem ao antropocentrismo, onde o homem era o centro do universo, criado à imagem e semelhança de Deus e capaz de dominar a natureza.
No século XVII, o antropocentrismo passou a influenciar a ciência e Renée Descartes (1596-1650) apresentou a idéia de que a natureza existia para servir ao homem, o qual poderia dominá-la pelo conhecimento científico.
A partir desse paradigma, a ciência avançou e, no século XIX, o conhecimento científico tornou-se o meio quase exclusivo de compreensão do mundo, acompanhado de uma profusão de invenções e inovações, que permitiram uma exploração mais intensiva dos recursos naturais.
Nascia a Revolução Industrial, considerada a origem do sistema capitalista,onde o trabalho dos artesãos foi sendo substituído pela industrialização.
A Revolução Industrial teve início na Inglaterra no final do século XVIII, expandindo-se para os demais países europeus no século XIX.
Seu surgimento deveu-se a três causas: a) a necessidade de substituir a madeira, já escassa, por outros materiais e fontes de energia, havendo necessidade de invenções e inovações integradas à produção; b) a mudança nas políticas coloniais, com a formação de mercados consumidores para os produtos europeus; e c) a acumulação de capital para viabilizar investimentos, o que permitiu o aparecimento da burguesia (proprietários de fábricas, de bancos, de empresas de comércio e transporte), a propriedade privada, a migração de camponeses (sem-terras) para as cidades e o trabalho assalariado.
A natureza passou a ser vista como fonte de matérias-primas para o funcionamento das indústrias e o modelo da sociedade industrial foi transplantado para os ecossistemas, os quais deveriam subordinar-se a ela. Conseqüentemente, houve um aumento da degradação ambiental. Este fato foi indigitado pelo geógrafo francês Jean Brunhes, no século XIX, chamando o modelo de produção surgido com a Revolução Industrial como “economia de rapina” ou “economia destruidora”, onde a exploração dos recursos naturais era feita sem preocupação com o ritmo natural de sua reposição.
Passou-se a ter uma visão fragmentada da natureza e perdeu-se a noção do todo como apregoavam os filósofos pré-socráticos.
Esse fato pode ser ilustrado com a fábula dos três hindus cegos que foram levados a conhecer um elefante. O primeiro apalpou a presa e o definiu como uma lança; o segundo, a cauda, e o definiu como uma corda; o terceiro tocou-lhe o corpo e disse que era uma parede.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
BAKER, Douglas. A abertura da terceira visão. Rio de Janeiro: Record, 1993.

GONÇALVES, Carlos Walter Porto. O conceito de natureza não é natural. In: Os (des)caminhos do meio ambiente, Contexto, 1990.

LAO-TSÉ. Tao Te Ching, o livro que revela Deus. São Paulo: Martin-Claret, 2003.

SENAC. Sociedade, natureza e desenvolvimento. Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.



O atual modelo de desenvolvimento é compatível com a idéia de desenvolvimento sustentável?



Paccelli José Maracci Zahler é engenheiro agrônomo e ecólogo.

Página pessoal: http://www.geocities.com/paccelli

O atual modelo de desenvolvimento econômico é compatível com a idéia de desenvolvimento sustentável?

Por Paccelli José Maracci Zahler

Para responder a essa questão, é necessário definir o que são os “recursos naturais” com o objetivo de uniformizar a linguagem e facilitar a compreensão sobre o tema.
Entende-se por “recursos naturais” todos os elementos fornecidos pela natureza e que podem ser transformados pela sociedade, como a água, o solo, os minerais, os combustíveis fósseis.
A utilização desses recursos pelas sociedades varia no decorrer do tempo, pois, dependendo da tecnologia disponível e da importância econômica, podem ser substituídos por outros. É o caso da lenha que foi substituída por gás e petróleo nas indústrias, transportes, residências.
Como conseqüência da intensa utilização dos recursos naturais pelas sociedades humanas, tem-se o acúmulo de resíduos e a emissão de gases que acabam afetando o meio ambiente e provocando uma crise ambiental como a vivida nos dias de hoje. Esta tem sido considerada como conseqüência do modelo de desenvolvimento adotado pelo mundo ocidental.
Fazendo uma retrospectiva histórica, pode-se verificar que os recursos naturais têm sido utilizados para gerar lucros em curto espaço de tempo. Isso se agrava à medida que cresce a população humana e aumentam as demandas de consumo espelhadas no modo de vida dos países desenvolvidos, que não respeita as limitações dos recursos naturais nem promove o desenvolvimento social.
Diante disso, os problemas ambientais que antes eram tratados em uma perspectiva local e regional, graças ao trabalho de ambientalistas e organizações não-governamentais, passaram a ser tratados em uma perspectiva planetária sob os auspícios da Organização das Nações Unidas (ONU), que, por sua vez, encampou o conceito de “desenvolvimento sustentável”, proposto em 1980 pela União Internacional para a Conservação da Natureza.
O “desenvolvimento sustentável” foi definido como “um processo de mudança pelo qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, as mudanças técnicas e institucionais se encontram em harmonia e reforçam o potencial atual e futuro da satisfação das necessidades humanas”.
A partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92), foram estabelecidos objetivos estratégicos para a implantação de um “desenvolvimento sustentável” baseado na justiça social, na cidadania e na preservação do meio ambiente. Tais objetivos foram corroborados por cerca de 170 chefes de Estado, signatários da Agenda 21.
Assim, os governos se comprometeram a promover uma justa distribuição de renda;assegurar um constante fluxo de investimentos públicos e privados; promover o uso racional dos recursos naturais e reduzir o volume de resíduos e dejetos lançados no meio;promover uma melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas e intensificar a criação de uma rede de reservas naturais;promover mudanças locais, respeitando as diferenças culturais das sociedades.
A cada dia que passa, percebe-se o quanto se faz necessário adotar novas tecnologias ou novas formas de utilizar os recursos naturais.
É inconcebível que,com os avanços científicos no estudo da natureza, se continue desmatando para criar novas fronteiras agrícolas; utilizando combustíveis fósseis; produzindo resíduos industriais e orgânicos que acabam tornando o planeta inabitável para as próximas gerações.
De acordo com Sachs (1998) “é necessário observar como nossas ações afetam locais distantes de onde acontecem, em muitos casos implicando todo o planeta ou até mesmo a biosfera”.
Voltando ao ponto inicial, chega-se à conclusão de que o atual modelo de desenvolvimento econômico é incompatível com a idéia de desenvolvimento sustentável.



BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BOFF, Leonardo. Ecologia:um novo paradigma. In: Ecologia, mundialização e espiritualização. São Paulo: Editora Ática, 1993.
SACHS, Ignacy. Pensando sobre o desenvolvimento na era do meio ambiente. 5º Encontro Bienal da International Society for Ecological Economics “Beyond Growth: Policies and Institutions for Sustainability”, Santiago, Chile, 15 a 19 de novembro de 1998.
SENAC. Sociedade, natureza e desenvolvimento. Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.