segunda-feira, janeiro 01, 2007

Explosão demográfica




Paccelli José Maracci Zahler é engenheiro agrônomo e ecólogo.

Página pessoal: http://www.geocities.com/paccelli







"Explique por que a explosão demográfica não é, necessariamente, a grande vilã do ambiente, como muitos acreditavam e ainda hoje acreditam.Explique ainda, como o tempo atua sobre a vida na Terra."

Por Paccelli José Maracci Zahler

A idade da Terra é estimada em 4,5 bilhões de anos e, no decorrer desse tempo, espécies surgiram e se extinguiram. Devido ao movimento tectônico, que mantém os continentes em deslocamento constante, ocorre a expansão ou redução das áreas continentais; a criação ou destruição de bacias oceânicas entre os continentes; e a eliminação ou construção de barreiras para o convívio das diferentes espécies. Como conseqüência, mudam as condições ambientais e, com elas, a evolução de todos os organismos, mostrando uma complexa relação entre a vida e o seu substrato, provocando o aparecimento de novas espécies animais e vegetais e extinguindo outras, ao longo do tempo geológico, em uma dinâmica permanente.
Estima-se que o homem (Homo sapiens) tenha surgido há cerca de cem mil anos, porém, sua ação sobre a dinâmica da natureza nos últimos dois séculos tem sido desastrosa, principalmente sobre os ciclos biogeoquímicos, em particular da água, do oxigênio, do nitrogênio, do carbono e do enxofre, em função das facilidades da moderna vida em sociedade (carros, indústrias, metrópoles, usinas, supérfluos).
Por outro lado, o homem faz parte, juntamente com outras espécies, de um ecossistema funcional, onde ocorre a integração entre a comunidade, o fluxo de energia e a ciclagem de materiais.
Atualmente, existe uma preocupação muito grande sobre o futuro do planeta à medida que cresce a população humana. Se, em duzentos anos, o homem conseguiu promover alterações ambientais significativas (chuva ácida, efeito estufa, redução da camada de ozônio, poluição), o que fará nos próximos 50, 100 anos, com o desenvolvimento da tecnologia?
Por essa razão, tem sido proposto o estabelecimento de áreas protegidas para a conservação da biodiversidade, sem a presença humana, mesmo as populações tradicionais.
Em contraposição, DIEGUES (1996) defende a tese de que a manutenção e o aumento da biodiversidade nas florestas tropicais está relacionada com as práticas tradicionais da agricultura itinerante dos povos primitivos, às quais o sistema regenerativo dessas florestas parece estar adaptado, o que não é levado em conta nos planos de manejo de parques e áreas protegidas.
Normalmente, as populações tradicionais de áreas protegidas são pequenas. Se elas passarem por um processo de explosão demográfica, no caso de abandonarem a agricultura de subsistência e adotarem as práticas da moderna agricultura e as facilidades da vida em sociedade, irão causar um tremendo impacto ambiental.
Trata-se de um problema complexo, onde o próprio DIEGUES (1996) sugere como solução um trabalho interdisciplinar com biólogos, engenheiros florestais, sociólogos, antropólogos, cientistas políticos, “em cooperação com as populações tradicionais”, pois elas conhecem melhor o ambiente em que vivem, todavia, raramente são chamadas a participar “dos debates e decisões”.





BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

DIEGUES, Antonio Carlos. O mito da natureza intocada. São Paulo:Hucitech, 1996.
SENAC. Princípios de ecologia e conservação da natureza. Bloco temático II. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.

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