segunda-feira, janeiro 01, 2007

Visão holística, concepção sistêmica e interdisciplinaridade: conceitos e inter-relações



Paccelli José Maracci Zahler é engenheiro agrônomo e ecólogo.

Página pessoal: http://www.geocities.com/paccelli


Por Paccelli José Maracci Zahler

Para entender a “concepção sistêmica” é necessário entender o que é um “sistema”.


Um “sistema” se constitui na “interação de um conjunto de processos (ou seja, um conjunto de elementos) que, combinados, geram algum tipo de função ou funcionamento” SENAC (2006).


Segundo VON BERTALANFFY (1977), a análise dos sistemas trata a organização como um sistema de variáveis mutuamente dependentes. Assim, pode-se chegar ao conceito de “sistemas vivos”, que incluem organismos individuais e suas partes, sistemas sociais (famílias e comunidades) e ecossistemas (SENAC, 2006).


De acordo com CAPRA (1996), a ciência cartesiana acreditava que, em qualquer sistema complexo, o comportamento do todo podia ser analisado pelas propriedades de suas partes. Em contraposição, a ciência sistêmica mostra que os sistemas vivos não podem ser compreendidos por meio da análise, ou seja, as propriedades das partes não são propriedades intrínsecas e só podem ser entendidas dentro do conceito do todo. Assim, o pensamento ou concepção sistêmica procura explicar as coisas considerando o seu meio ambiente e, nas palavras daquele autor, “todo pensamento sistêmico é pensamento ambientalista”.


Por ser uma ciência integradora, a Ecologia oferece subsídios para que a sociedade possa compreender as questões ambientais. Dessa maneira, ela passou a abordar a relação homem-natureza como algo uno, rompendo o paradigma do homem separado da natureza.
Essa visão do todo e de suas interações é chamada de “visão holística”.


BOFF (1993) defende que a Ecologia exige uma visão da totalidade, chamada “holismo” ou “visão holística”. Segundo ele, “holismo” vem do grego “holos”, que significa “totalidade”, termo divulgado pelo filósofo sul-africano Jan Smutts, a partir de 1926.


Verifica-se que, para se chegar à “visão holística” é necessário uma compreensão “sistêmica” e esta, por sua vez, vai necessitar de conhecimentos de diversas áreas do saber humano, seja pela “multidisciplinaridade” ou pela “interdisciplinaridade”.


No estudo multidisciplinar, várias áreas do conhecimento humano discorrem sobre determinado tema de forma independente, sem troca de idéias.


No estudo interdisciplinar, cada área do conhecimento vai discutir uma determinada questão, em conjunto, para solucioná-la ou para contribuir para um melhor entendimento.


O estudo interdisciplinar parece ser a abordagem mais apropriada para a ciência da Ecologia, por permitir uma melhor compreensão dos sistemas (concepção sistêmica) pela identificação e interpretação dos seus elementos, possibilitando uma “visão holística” e, conseqüentemente, a proposição de soluções para os problemas ambientais da atualidade.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BOFF, Leonardo. Ecologia:um novo paradigma. In: Ecologia, mundialização e espiritualização. São Paulo: Editora Ática, 1993.
CAPRA, Fritjof. A teia da vida. São Paulo: Editora Pensamento-Cultrix, 1996.
SENAC. Princípios de ecologia e conservação da natureza. Bloco temático II. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
VON BERTALANFFY, Ludwig. Teoria geral dos sistemas. Petrópolis: Vozes, 1977.









2 comentários:

Anônimo disse...

Texto maravilhoso..Elucidativo e simples...esse assunto aborda a problemática do ensino ompatimentado de uns tempos atrás onde através do Currículo o aprendizado era fragmentado através das inúmeras divisões das disciplinas o que num contexto prático fazia com que o indivíduo não estivesse incluído no todo. Grata.

Anônimo disse...

Texto ótimo! (Lara C.)