terça-feira, dezembro 19, 2006

Educar para a sustentabilidade 2



Paccelli José Maracci Zahler é engenheiro agrônomo e ecólogo.

Página pessoal: http://www.geocities.com/paccelli

PACCELLI JOSÉ MARACCI ZAHLER
EEA_TI_BLTIV:Tarefa: Bloco 4, Tema 2, Atividade 3
Tutora: Marilia Teresinha de Sousa Machado (tutora EA)
Coordenador do Curso: Samuel Brauer Nascimento
Brasília, DF, 18 de dezembro de 2006.

EDUCAR PARA A SUSTENTABILIDADE 2


“Fundamentalmente, a solução dos problemas ambientais está na Educação” (Lutzenberger, 1977).

O aforismo acima consta do livro de José Lutzenberger, “Fim do Futuro? Manifesto Ecológico Brasileiro”, publicado pela Editora Movimento/UFRGS, Porto Alegre, em 1977, época em que o autor alertava para a necessidade de se pensar na conservação do planeta para as próximas gerações e chamava a atenção para a necessidade da implantação de uma Educação Ambiental.

Em 1976, o Prof. Dr. Mário Guimarães Ferri, no livro “Ecologia e Poluição”, publicado pela Ed. Melhoramentos, em conjunto com o Instituto Nacional do Livro – INL/MEC e com a Editora da Universidade de São Paulo, apresentava uma série de exemplos de problemas ambientais causados pela falta de saneamento básico, falta de reciclagem do lixo, aplicação de agrotóxicos, queimadas, desmatamentos, monoculturas, emissões de veículos automotores e de indústrias, e dizia:

“Já percebemos, pelos exemplos acima citados, que na base de todos estes problemas de desequilíbrios ecológicos e poluição reside um problema de educação. A começar pelos casos de ganância, ignorância, enfoque unilateral e distorção profissional.
Esta distorção desapareceria se os profissionais fossem formados e educados de outra maneira. Também desapareceriam a ganância e a ignorância, se a educação fosse tal que levasse à compreensão de que certos processos de exploração de recursos naturais rendem muito, mas por pouco tempo, e que é mais inteligente buscar rendimento menor, porém, duradouro” (p. 124).

A problemática ambiental foi tema de estudos e debates no final da década de 1970 e durante a década de 1980, tendo inclusive sido inserida na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que diz, em seu artigo 225, capítulo V:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

No parágrafo 1º, inciso VI, consta, entre os deveres do Poder Público:

“Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.

Entretanto, foi somente em abril de 1999, por meio da Lei nº 9.795, que foi instituída a Política Nacional de Educação Ambiental, regulamentada em 2002 pelo Decreto nº 4.281.

Embora o tema pareça novo, ele já havia sido proposto pelo escocês Patrick Greddes (1854-1893), em 1889, onde, no livro “A Compreensão do que é Educação Ambiental” (Insight into Environmental Education) chamava a atenção para o fato de que “uma criança, em contato com a realidade do seu ambiente, não só aprende melhor, mas também desenvolve atitudes criativas em relação ao mundo que a cerca”.
Patrick Greddes é considerado o pai da Educação Ambiental.

Voltando ao caso brasileiro, verifica-se que foram necessários 14 anos para a institucionalização da Educação Ambiental no País. Entretanto, não existe um consenso sobre a prática da Educação Ambiental e o papel dos educadores ambientais (SENAC, 2006).

Oficialmente, entendem-se por Educação Ambiental “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente” (Lei nº 9.795/1999).

Todavia, pergunta-se: “Qual o papel do Educador Ambiental?”

GUIMARÃES (2006) responde a essa questão no artigo “Educação Ambiental pra quê?” afirmando:

“(...) conscientizar não é simplesmente transmitir valores “verdes” do educador para o educando; essa é a lógica da educação “tradicional”; é, na verdade, possibilitar ao educando questionar criticamente os valores estabelecidos pela sociedade, assim como os valores do próprio educador que está trabalhando em sua conscientização”.
Tal resposta corrobora a dificuldade que é implantar, não apenas um programa de Educação Ambiental teórico, mas, principalmente, prático; ou seja, a mudança de atitude esperada dos educandos deve se refletir na prática, em menos lixo, em reciclagem de materiais, em menos poluição, em menos emissões de gases, em menos desmatamento.

Como fazer isso se toda a infra-estrutura da sociedade de consumo está construída sobre um maior consumo de energia, de materiais, de emissão de gases para a atmosfera, levando a problemas de efeito estufa, destruição da camada de ozônio, poluição das águas, desigualdade social?

A resposta para essa questão não existe no presente momento, apesar da conscientização de alguns grupos de idealistas, estudiosos e ambientalistas de diferentes pontos do planeta.

Será necessário um esforço de todos, governantes e governados, para que se possa mudar os paradigmas atuais.

A Educação Ambiental pode indicar o caminho.

BIBLIOGRAFIA

FERRI, Mário Guimarães. Ecologia e poluição. São Paulo: Melhoramentos/INL-MEC/Edusp, 1976.
GUIMARÃES, Mauro. Educação ambiental pra quê? Texto complementar do Bloco Temático IV, E-book do Curso de Educação Ambiental do SENAC/DF, 2006.
SENAC. Educar para a sustentabilidade. Bloco Temático IV. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
http://amigosdanatureza.net/especiais/linha_02.htm Acesso em 15.dez.2006.






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