quinta-feira, dezembro 07, 2006

Cronologia da Consciência Ecológica (da Antiguidade ao Século XVI)

Cronologia da Consciência Ecológica (da Antiguidade ao Século XVI)

Reportando-nos à História, podemos observar um aumento da preocupação do homem com o meio em que vive.
Em um primeiro momento, o homem convivia em harmonia com a Natureza e procurava respeitar os seus ciclos.
Nas sociedades nômades e coletoras, a idéia de natureza tinha um caráter sagrado, onde todos os seres vivos pertenciam ao mesmo mundo, não havendo separação entre espírito e matéria e entra a natureza animada e inanimada.
Posteriormente,com o surgimento das civilizações greco-romanas, houve uma separação do homem e da Natureza.
Os recursos naturais passaram a ser vistos como fonte de matérias-primas para a satisfação das necessidades humanas.Isso se deu principalmente com a incorporação da filosofia grega à tradição judaico-cristã.

A cronologia não exaustiva, hora apresentada, pretende retratar a evolução da consciência ecológica e, para facilitar a sua compreensão, será apresentada por etapas.

Há cerca de 2 milhões de anos, a espécie humana começou a se estabelecer no planeta, começando a interferir nos processos naturais, a partir da sua fixação, crescimento e posterior expansão para várias regiões.

As sociedades humanas foram capazes de transformar as paisagens e domesticar alguns dos elementos naturais, criando paisagens artificiais que, com o passar do tempo foram naturalizadas (SENAC, 2006).

8.000 a 5.000 a.C.

O homem conseguiu controlar o uso do fogo e aprendeu a transformar argila em cerâmica. Depois, passou a fundir os metais encontrados na natureza e a utilizá-los como ferramentas mais resistentes e eficientes para a realização de tarefas que asseguravam a sua sobrevivência.
Houve o desenvolvimento da agricultura e a domesticação dos animais para criação.


707 a.C.

Segundo Frank Egerton, citado por ACOT (1990), a ecologia das populações surgiu ao redor do ano 707 a.C., embora existam controvérsias.

Alguns autores atribuem a Aristóteles o início de uma teoria da ecologia, pois, com seu tratado "História dos Animais", expôs os diferentes modos de vida dos animais, incluindo um recenseamento ordenado de observações.
Escreveu Aristóteles: " Os animais estão em guerra uns com os outros quando ocupam os mesmos lugares e quando, para viver, utilizam os mesmos recursos", descrevendo uma idéia de competição intra-específica.

Na Bíblia, pode ser encontrada a seguinte citação: -"Eis que a Assíria era o cedro do Líbano, de lindos ramos, de sombrosa folhagem, de grande estatura, cujo topo estava entre ramos espessos...Por isso, se elevou a sua estatura sobre todas as árvores do campo, e se alongaram as suas varas, pois ele tinha água suficiente para o seu crescimento. Todas as aves do céu se aninhavam nos seus ramos, todos os animais do campo geravam debaixo da sua fronde, e todos os grandes povos se assentavam a sua sombra. Agora, todos os povos da terra se retiram de sua sombra e a deixaram. Todas as aves do céu habitarão na sua ruína, e todos os animais do campo se acolherão sob os seus ramos."

Estudos arqueológicos indicam que onde hoje estão localizados os grandes desertos do Oriente Médio e da África havia uma exuberante floresta tropical, a qual foi sendo derrubada sem nenhum controle para a construção de templos e teatros. O manejo inadequado expôs o solo a erosão, reduzindo a sua fertilidade. Houve rompimento do ciclo hidrológico e a água outrora abundante começou a faltar.

A baixa fertilidade e a desertificação dos solos foram responsáveis pelo declínio das grandes civilizações da Mesopotâmia, Pérsia, Grécia e Roma.O mesmo aconteceu com os maias na América Central.

Depois de Cristo

1500

Em 22 de abril, chegaram os portugueses ao litoral brasileiro. Cerca de 1.100 homens em doze navios. Desembarcaram dia 23 e foram gentilmente recebidos pelos índios.
No dia 1º de maio, para realizar a Primeira Missa, é erguida um gigantesca cruz de madeira em uma clareira, prenúncio da devastação das florestas, através da exploração predatória.
Os indígenas foram levados a participar do culto, iniciando sua aculturação pelos colonizadores europeus e, conseqüentemente, da sua quase eliminação (dos 4 milhões de silvícolas brasileiros restaram apenas 200 mil).
No dia 2 de maio, Gaspar de Lemos volta a Portugal levando a carta de Pero Vaz de Caminha, que revela a Dom Manuel I, rei de Portugal, a exuberância da nova terra. São levados também exemplares da flora (toras de pau-brasil) e da fauna (papagaios).

1505

Fernando de Noronha inicia a comercialização do pau-brasil, que viria a ser um monopólio da coroa portuguesa. Em seguida, participaram a Inglaterra, a França, a Espanha e a Holanda. Atualmente, dos 200 km da Mata Atlântica originais, restam apenas 10 mil km (5%), ainda ameaçados.

1542

A primeira Carta Régia do Brasil estabelece normas disciplinares para o corte de madeira e determina punições para os abusos que vinham sendo cometidos.

1557

É publicado na Alemanha, o livro de Hans Staden,"Viagem ao Brasil", que descreve sua viagem pelo Brasil e responsabiliza os índios brasileiros pela devastação da natureza, citando os manejos adotados - derrubada da mata, uso do fogo, práticas agrícolas, de caça, de pesca.

Fontes:

ACOT, Pascal. História da ecologia. Rio de Janeiro:Campus, 1990.

SENAC. Natureza e sociedade na linha do tempo. Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.

ZAHLER, Paccelli José Maracci. Meio ambiente e reforma agrária:questões para discussão.Londrina:Casa do Mago das Letras, 2002. Disponível em: http://www.geocities.com/paccelli

Amigos da Natureza: http://amigosdanatureza.net/especiais/linha_02.htm Acesso em 05.dez.2006.

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